Congresso espanhol com luz verde para criar comissão de inquérito ao rei Juan Carlos

A Mesa da Câmara decide na quarta-feira se envia o pedido para a Junta de porta-vozes. O monarca emérito, que perdeu a imunidade em 2014 quando abdicou, é suspeito de ter defraudado o Estado em mais de 120 mil euros por ano em despesas com cartões de crédito.

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O rei emérito de Espanha, Juan Carlos FRANCOIS LENOIR/Reuters

Os serviços jurídicos do Congresso espanhol aceitaram, esta terça-feira, a admissão do pedido para a criação de uma comissão de inquérito ao rei emérito, solicitada pelo Unidas Podemos e mais seis partidos, em relação ao uso de cartões de crédito de despesas opacas sem limite por parte de Juan Carlos.

A Mesa da Câmara vai analisar na quarta-feira o relatório dos juristas e decidir se o envia para a Junta de Porta-vozes, “para a sua eventual inclusão na ordem dia de uma próxima sessão plenária”, escreve a Europa Press.

É a primeira vez que os serviços jurídicos do Parlamento espanhol não se mostram contrários a tramitar uma comissão de inquérito ao monarca emérito. O que permitiu, em Dezembro, à Mesa do Congresso vetar a mesma petição, por defeito de forma, já que só estava assinada pelo Unidas Podemos que não tem deputados suficientes para pedir sozinho a abertura de uma comissão de inquérito.

Desta vez, além da coligação liderada pelo vice-presidente Pablo Iglesias, juntaram-se também a Esquerda Republicana da Catalunha, o Bildu, o Más País, Compromis, a Candidatura de Unidade Popular e o Bloque Nacionalista Galego.

O Podemos celebrou a decisão numa mensagem publicada no Twitter: “Já não há desculpas: ou se está com a verdade ou se está com a impunidade. Todos os partidos do arco parlamentar deveriam apoiá-la por higiene democrática”.

A Procuradoria-Geral espanhola está a investigar se o rei emérito deixou de declarar às Finanças dinheiro que lhe terá sido doado pelo empresário mexicano Allen de Jesús Sanginès-Krause entre 2016 e 2018. O monarca poderá ter usado cartões de crédito que não estavam em seu nome para fugir ao fisco espanhol.

De acordo com o El País, Juan Carlos, que abdicou em nome do filho, Filipe VI, em 2014, poderá ter defraudado os cofres do Estado espanhol em mais de 120 mil euros por ano, numa altura em que já não beneficiava de imunidade por ter abdicado, em 2014, em nome do filho, Felipe VI.

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