Benfica elimina Estrela na noite dos mundos opostos

São duas equipas de mundos opostos, com toda uma segunda divisão a separá-las. Diferença inicialmente mascarada, mas inevitavelmente vincada. E os “encarnados” estão nos quartos-de-final da Taça de Portugal.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Durou 42 minutos a resistência do Estrela da Amadora nesta terça-feira. Réplica inicialmente brava da equipa da terceira divisão, mas insuficiente para impedir o Benfica de seguir em frente na Taça de Portugal.

Com um triunfo por 0-4 no “velhinho” José Gomes, na Reboleira, os “encarnados” garantem bilhete para os quartos-de-final da competição e esperam, agora, pelo desfecho do Fafe-Belenenses.

Na Reboleira, o jogo teve uma história já tantas vezes vista em jogos de Taça: um “David” cria perigo e equilibra o jogo frente a um “Golias”, mas este, mais forte e capaz, acaba por dar um “soco” que deita abaixo o adversário. São duas equipas de mundos opostos, com toda uma segunda divisão a separá-las. Diferença inicialmente mascarada, mas inevitavelmente vincada.

O Estrela surgiu em campo cumprindo o que o treinador tinha prometido: um modelo de jogo semelhante ao que apresenta habitualmente no seu escalão. A equipa da Amadora não abdicou de ter um bloco defensivo subido e, sobretudo, de ter, muitas vezes, dois ou três jogadores na pressão à primeira fase de construção do Benfica. E isso surtiu efeito logo aos 9’, numa recuperação que permitiu um remate de Sérgio Conceição para defesa de Helton Leite.

Nestes primeiros minutos, os “encarnados” – cujo “onze” apenas tinha Taarabt como habitual titular – estiveram grande parte do tempo sem ideias. A excepção foi Pedrinho, que voltou a mostrar-se bastante esclarecido, apesar de, a partir do corredor direito, ter contribuído para a já habitual procura excessiva pelo jogo interior.

Mas, tal como tinha acontecido, por exemplo, frente ao Gil Vicente, o Benfica pôde ver que essa procura redundante pelos movimentos em terrenos interiores pode ser reduzida. E deve sê-lo.

Aos 42’, Diogo Gonçalves – ao contrário do que faz Gilberto – deu largura no corredor e beneficiou da magia de Pedrinho, que lhe entregou a bola. Frente a um Estrela formatado para defender zonas interiores, o jovem formado no Benfica teve espaço para cruzar. Seferovic permitiu a defesa a Filipe Leão e Chiquinho, na recarga, deu vantagem aos “encarnados”.

Antes disto, o jogo teve alguns lances perigosos de ambos os lados. No Benfica, Pedrinho falhou na cara do golo aos 21’ (grande combinação com Gonçalo Ramos) e Seferovic falhou uma vez aos 35’ e outra aos 37’. No Estrela, Chapi rematou no ar aos 30’, Murillo permitiu defesa de Helton aos 36’ e Paollo rematou ao lado aos 40’.

O Benfica não foi necessariamente mais forte na primeira parte – dominou territorialmente, mas apenas isso –, mas teve o “extra” de qualidade individual que tantas vezes resolve este tipo de jogo.

Novamente a largura de Diogo

Na segunda parte, Seferovic começou por continuar o “festival” de desperdício, com uma perdida aos 50’. Já lá iam quatro só na conta pessoal do suíço. À quinta oportunidade de golo, Seferovic marcou mesmo e bem pode agradecer a Diogo Gonçalves.

Rompendo com a redundância habitual do Benfica, o lateral voltou a pedir a bola em largura e, claro está, voltou a ter espaço para decidir. Cruzou rasteiro e Seferovic finalizou de primeira, na passada.

Tal como em Barcelos, frente ao Gil Vicente, o Benfica pôde perceber que nenhuma boa ideia táctica repetida vezes sem conta vale mais do que alguma variabilidade de soluções. E resolveu facilmente a partida frente a um Estrela cada vez mais traído pela fadiga – patente na forma como começou a chegar sempre tarde à zona da bola.

O Estrela ainda teve um golo anulado a Latón, aos 54’ – era o 1-2 que poderia ter dado algum entusiasmo à equipa do Campeonato de Portugal –, mas o Benfica “matou” o jogo pouco depois.

Seferovic falhou mais uma oportunidade aos 62’, para defesa de Leão, mas o lance sobrou para Pedrinho, que cruzou para Chiquinho. O português dominou de peito e rematou à meia-volta, bisando numa partida em que até nem foi exuberante.

A partir daqui já não havia Estrela. O 0-4 chegou aos 66’, por Waldschmidt, e, aí, todos ficaram resignados: o Estrela sem força para tirar algo mais deste jogo e o Benfica sem interesse em fazê-lo.

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