João Ferreira cola Marcelo ao agravamento das relações laborais e apela ao voto em nome de uma mudança

Candidato contou com Jerónimo de Sousa no seu primeiro comício de campanha no Coliseu do Porto.

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Jerónimo de Sousa esteve na abertura da campanha eleitoral do candidato João Ferreira, no Coliseu do Porto Manuel Roberto / PUBLICO

João Ferreira escolheu o Porto para realizar o seu primeiro comício da campanha para as eleições presidenciais, que arrancou este domingo, apelando aos portugueses para que vão votar no dia 24 de Janeiro, “para se abrir um horizonte de esperança no futuro de Portugal”.

O candidato presidencial que entrou no Coliseu do Porto acompanhado do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, debaixo de uma chuva de aplausos, puxou dos galões para dizer que a sua candidatura emerge dos valores de Abril e tem a Constituição da República Portuguesa como o centro do seu programa. O tom tinha sido dado um pouco antes pela ex-eurodeputada do PCP e actual vereadora na Câmara do Porto, Ilda Figueiredo, para quem, a candidatura de João Ferreira “defende e proclama os direitos que a Constituição da República Portuguesa consagra. Este é um candidato que não se fica pela visita aos sem-abrigo com um sorriso para a selfie”. A alusão era óbvia.

O eurodeputado do PCP cavalgou a onda e fez mira a Marcelo Rebelo de Sousa. Embalado pelas palavras da autarca e do secretário-geral comunista (que falaram antes do candidato), João Ferreira foi directo ao assunto. “Foram opções contrárias à letra e ao espírito da Constituição que tornaram as relações laborais ainda mais desequilibradas em desfavor da parte mais fraca, os trabalhadores, a partir de legislação promovida pelos sucessivos governos muito antes da troika, durante a troika e depois da troika, e já durante o mandato do actual Presidente da República que a promulgou sem pestanejar”, apontou, denunciando que a “desvalorização dos salários, desregulação dos horários de trabalho, precariedade generalizada, direitos atacados e limitados, como o direito à contratação colectiva, procurando quebrar o que faz a força dos trabalhadores - a sua unidade - são um retrocesso”.

 Aplaudido por diversas vezes, o candidato presidencial apoiado pelo PCP referiu que a sua batalha eleitoral “honra um imenso património de luta, com a mesma determinação com que estivemos no 1.º de Maio e em todas as lutas que foi e é necessário travar, para colocar no centro da acção política a valorização do trabalho e dos trabalhadores”.

Mais à frente haveria de afirmar que o país “precisa de um Presidente da República que tenha os seus primeiros afectos para os imprescindíveis deste país (…). Precisamos de um Presidente da República que, a partir dos seus poderes, não se canse de lutar para que “todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, [todos tenham] direito à retribuição do trabalho, observando-se o princípio de que para trabalho igual salário igual, à organização do trabalho de forma a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar, à prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde, ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas pagas”, à protecção no desemprego, “à assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de doença profissional”, declarou, enfatizando que “tudo isto está escrito nas páginas da Constituição, nada disto pode ser letra morta nas páginas da Constituição”.

O primeiro comício da campanha ficou marcado pela gafe protagonizada por Jerónimo de Sousa que saudou o povo do Porto, chamando-lhe “povo de Lisboa”, erro que imediatamente corrigiu.

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