Primeiro-ministro chinês pede transparência na informação sobre a covid-19

Hebei foi colocada em “modo de guerra” depois de um novo surto concentrado sobretudo nesta província da região Norte da China, cuja capital, Shijiazhuang, é a mais próxima de Pequim. Desde Wuhan que não se implementava um controlo tão apertado.

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Estação de comboios de Shijiazhuang vazia: as autoridades cancelaram a venda de bilhetes de ligações para outras cidades Reuters/STRINGER

Transparência, relatórios correctos da situação, informação epidémica rápida e certeira da situação no terreno, eis o que o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu aos vários níveis do Governo durante um encontro do Conselho de Estado.

“No processo de prevenção e controlo da doença infecciosa, uma das chaves é procurar a verdade dos factos, divulgar informação epidémica aberta e transparentemente e nunca permitir o ocultamento e a subnotificação”, disse Li Keqiang, citado este domingo pelo South China Morning Post, referindo-se às principais críticas feitas à China no princípio do surto do novo coronavírus em Wuhan.

Na reunião de sexta-feira, cujo comunicado foi divulgado apenas no sábado, as autoridades debruçaram-se sobre o novo surto de covid-19, que está concentrado sobretudo em Hebei, província da região Norte da China e que não dista muito de Pequim. Shijiazhuang é a capital provincial mais próxima da capital chinesa, a menos de 300 km.

Hebei foi colocada em “modo de guerra”, com regras de confinamento tão apertadas como não se viam desde o princípio da pandemia em Wuhan, onde se registaram as primeiras infecções com o SARS-CoV-2, no final de 2019.

No sábado, a China registou 69 novos casos de infecção, mais do que duplicando os números do dia anterior, sendo que a maioria dos casos transmitidos localmente – 46 em 48 – são de Hebei. Outros 46 casos foram confirmados no domingo, sendo 13 destes assintomáticos.

Segundo avançou este domingo a televisão chinesa CCTV, todas as actividades religiosas em Shijianzhuang foram canceladas temporariamente.

Sublinhando que o Governo chinês prioriza a segurança e a vida das pessoas, o primeiro-ministro pediu aos membros do executivo para melhorarem as leis e regulamentos de modo a permitir que a contenção da epidemia possa ser feita da melhor maneira.

Para “identificar precocemente, relatar, isolar, diagnosticar e tratar” da melhor forma é preciso enquadramento legal adequado, acrescentou Li.

Por isso, a revisão da Lei do Tratamento de Doenças Infecciosas está actualmente em discussão, com prioridade para que seja submetida à deliberação do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo o mais depressa possível.

Em Shijianzhuang, os centros comerciais e os supermercados fecharam as suas lojas físicas e só atendem às necessidades dos seus clientes nas plataformas online. “Temos uma venda de vegetais na nossa comunidade e há uma loja de conveniência para todas as outras necessidades”, disse este domingo ao Global Times um dos habitantes locais, de apelido Zhang.

Aos habitantes da cidade de 11 milhões de habitantes foi recomendado que permaneçam em casa nos próximos sete dias para aplanar a curva da infecção, tendo a venda de bilhetes de comboio para outras cidades sido cancelado, informa o mesmo jornal.

Uma segunda fase de testes de ácido nucleico em massa foi anunciada este domingo pelo vice-presidente da Câmara de Shijiazhuang, Meng Xianghong, explicando que as autoridades contam acabar esta segunda fase no prazo de 48 horas. Na primeira fase de testagem registaram-se 364 casos positivos de infecção nas cidades de Shijiazhuang e Xingtai, que tem uma população de 1,2 milhões de habitantes.

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