“Não é minha intenção morrer, não está nos meus objectivos”

Um romance, Os vivos e os Outros, um livro de fotografia, 60 anos de vida. 2020 para José Eduardo Agualusa não foi vazio, ainda que contenha a estranheza do aprisionamento a somar a outra, a de ter escrito um livro que falava de isolamento sem que ele soubesse deste que todos só agora conhecemos. Aqui, fala-se de inquietação, utopia e da decisão de não morrer de velhice.

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Esta entrevista acontece em dois tempos. Em Julho de 2020 e no início de Janeiro de 2021. Na casa do escritor em Lisboa, e agora, via email, a partir da Ilha de Moçambique para onde voltou e onde vive. Na ilha, tem fotografado e escrito. Na Primavera saiu Os Vivos e os Outros (Quetzal), romance sobre uma espécie de reclusão involuntária. Todos os escritores convidados para um festival literário ficam sem comunicação com o mundo, isolados precisamente na Ilha de Moçambique. O cenário e as suas circunstâncias servem a José Eduardo Agualusa para construir uma sátira sobre o mundo literário a partir de figuras mais ou menos reconhecíveis, e discutir a função da literatura e, de alguma forma, o lugar da literatura africana no mundo. O livro de fotografia é um álbum cuidado, como imagens captadas pelo escritor, que segue o tempo anterior ao nascimento da filha mais nova de Agualusa no corpo da sua mãe, Yara. Tudo aconteceu no ano da covid-19, aquele em que fez um aniversário redondo que lhe deu ainda mais certeza quanto à vontade de não se deixar morrer.

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