Covid-19: é “falso” que Portugal desperdice doses da vacina, diz Ministério da Saúde

Agência Europeia de Medicamentos aprovou esta sexta-feira o pedido da Pfizer para que sejam preparadas seis e não cinco doses por frasco. Em Portugal esta tem sido a prática generalizada desde 30 de Dezembro. Países da UE vão poder obter dezenas de milhares de doses da vacina além das inicialmente planeadas.

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Infarmed antecipou-se à Agência Europeia de Medicamentos e encontrou uma solução interna para autorizar a preparação de seis doses por frasco Daniel Rocha

O Ministério da Saúde disse esta sexta-feira que não têm sido desperdiçadas doses da vacina contra a covid-19. O esclarecimento foi feito a propósito da notícia do Expresso desta sexta-feira de que a falta de uma norma da Direcção-Geral da Saúde que permita preparar seis doses por cada frasco da vacina da Pfizer já obrigou a desperdiçar uma quantidade que daria para vacinar seis mil portugueses.

Segundo o jornal, o desperdício “é generalizado entre os países europeus e deve-se à inércia da Agência Europeia de Medicamentos [EMA, sigla em inglês] em aprovar o pedido do primeiro laboratório fornecedor, Pfizer, para que sejam preparadas seis e não cinco doses por frasco”.

O pedido de alteração das doses foi entregue ao regulador europeu no dia 30 de Dezembro e foi autorizado esta sexta-feira, com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) a esclarecer que cada frasco contém o suficiente para seis doses.

Para obter as seis doses completas, a EMA aconselha o uso de uma seringa de “baixo volume” (não mais do que 0,035 mililitros) para a extracção e avisa que “se forem usadas seringas e agulhas padrão, pode não haver vacina suficiente para extrair a sexta dose do frasco”.

Contudo, diz a EMA, caso não se obtenha a dose completa de um frasco – 0,3 mililitros – deve descartar-se o que sobra.

Se estas recomendações forem seguidas, os países da União Europeia poderão obter dezenas de milhares de doses da vacina além das inicialmente planeadas.

O Infarmed tinha encontrado uma solução interna e já autorizou a preparação de seis doses por frasco, um procedimento que ainda não está em prática por falta uma norma da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Em comunicado, o Ministério da Saúde diz ser “falso que Portugal tenha desperdiçado a sexta dose”, como avançou o Expresso, explicando que a possibilidade de extrair seis doses de cada frasco foi publicada numa nota do Infarmed de 30 de Dezembro, “estando a ser praticada na administração da vacina” de forma “generalizada” nos postos de vacinação.

“Esta actualização irá, subsequentemente, ser reflectida na Norma da DGS, elaborada de acordo com o Resumo das Características do Medicamento (RCM)”, escreve o ministério.

Além do Infarmed, outros reguladores de medicamentos adoptaram as novas recomendações da Pfizer e a preparação de seis doses foi logo posta em prática, como aconteceu em Itália, Reino Unido, Suíça, Israel e Estados Unidos.

A vacina da Pfizer foi a primeira a ser autorizada e a chegar a Portugal. A da Moderna, que também implica duas administrações, começa a ser entregue na próxima semana (260 mil unidades até Março) e está pronta a usar.

Em Portugal a campanha de vacinação contra a covid-19 iniciou-se em 27 de Dezembro nos hospitais, abrangendo os profissionais de saúde, e já se estendeu-se aos lares de idosos. A primeira fase do plano de vacinação, até final de Março, abrange também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos.

Notícia actualizada às 11h53 com o esclarecimento do Ministério da Saúde e às 12h23 com a autorização da Agência Europeia de Medicamentos.

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