Os debates na televisão entre os candidatos à presidência da República, como acontece em todas as campanhas eleitorais, seguem o modelo do jogo parlamentar democrático, baseado em, pelo menos, estes dois princípios: a política é uma questão de linguagem (sem ela não existe política) e a política democrática supõe uma “ética da discussão”, fundada na argumentação racional e, por conseguinte, com pretensões universais. A noção de “ética da discussão”, elaborada a partir dos anos 70 do século passado por dois filósofos alemães, Jürgen Habermas e Karl-Otto Apel, foi popularizada nos “media” e na política profissional sob a forma da apologia do diálogo que procura o consenso e anula toda a hostilidade. É bem conhecida a crítica mais comum a esta “racionalidade comunicacional” (pelo menos, na versão que torna insípida a teoria de Habermas), apontando-a como factor de uma dupla despolitização: nivelamento da política no terreno da ética e redução das relações políticas de força a relações de comunicação de onde é evacuada toda a violência.
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