Criação de novas empresas caiu 24% em 2020 para valores de 2016

No ano passado foram iniciados 2270 processos de insolvência. Alojamento e restauração concentram perto de 300 novos processos.

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No confinamento de Abril, o nascimento de empresas chegou a cair 70% em termos homólogos Paulo Pimenta

O nascimento de novas empresas inverteu a tendência dos últimos anos e caiu 24% em 2020, para 37.558 entidades, o “que corresponde a um valor semelhante ao que se registou em 2016”, segundo dados da consultora Informa D&B.

“Após forte evolução nos últimos anos e um recorde em 2019, a constituição de novas empresas caiu em 2020 para as 37.558 entidades, uma redução de 24% face ao ano anterior e que corresponde a um valor semelhante ao que se registou em 2016”, indicou a empresa, num comunicado.

Assim, segundo o barómetro da Informa D&B, deu-se “uma descida logo nos dois primeiros meses do ano (-17%)”, tendo o nascimento de novas empresas ao longo do ano decorrido “ao ritmo da pandemia e das consequentes restrições”.

“Durante o confinamento de Março e Abril, o nascimento de empresas registou uma quebra acentuada (-44% e -70% respectivamente)”, salientou a consultora, indicando que “com o alívio progressivo das medidas de contenção e com a reabertura da economia, este registo aumentou relativamente aos meses anteriores e em Agosto e Setembro este indicador já apresentou valores acima de 2019”.

No entanto, “no último trimestre as constituições recuaram novamente face ao período homólogo (-19%)”, concluiu a Informa D&B.

Segundo a consultora, os sectores do alojamento e restauração, transportes e serviços gerais “foram os que registaram maiores recuos percentuais em novas empresas face a 2019”, com o retalho “a ser o terceiro maior sector em número de constituições, graças às empresas de retalho online, onde as novas empresas subiram 46% em relação a 2019”, de acordo com o comunicado.

A Informa D&B indicou ainda que no ano passado “foram iniciados 2270 processos de insolvência, que representam um crescimento de 3,2% face a 2019 (+71 casos)”, acrescentando que ainda que na maioria dos sectores de actividade os valores sejam semelhantes aos de 2019, em alguns nota-se “já uma subida dos novos processos de insolvência, como é o caso do alojamento e restauração, com 292 novos casos em 2020, mais 106” do que no ano anterior.

Paralelamente, as indústrias “mantêm-se como o sector com maior número de casos de novas insolvências em 2020 (586 casos), um número muito semelhante ao de 2019”, indicou a consultora.

A Informa D&B calculou ainda o impacto da pandemia em 2021, concluindo que “15% das empresas apresentam maior risco de não conseguir resistir à crise” mas que “cerca de 43% das empresas portuguesas têm um nível de resiliência financeira elevado ou médio-alto, facto que lhes permite enfrentar a crise económica motivada pela pandemia de covid-19 de forma mais robusta”. 

“As grandes, médias e pequenas empresas registam uma percentagem de empresas resilientes sempre acima dos 60%, enquanto nas microempresas essa percentagem desce para os 42%”, indicou a consultora.

A análise da Informa D&B mostra que “os sectores de actividade mais afectados pela pandemia são o alojamento e restauração, actividades turísticas, transporte de passageiros, entre outras actividades económicas dificilmente compatíveis com o distanciamento social requerido para controlar a propagação do vírus”.

Aliás, explica, “foi nestas actividades que mais cresceu o número médio de dias de atraso nos pagamentos”, tendo aumentado três dias desde Fevereiro, “sendo o exemplo mais significativo o do sector do alojamento e restauração, que neste período já aumentou em mais de uma semana (+7,1 dias) os atrasos de pagamento aos seus fornecedores, sendo actualmente de 36,8 dias”.

No final ao ano passado, apenas 15,9% das empresas cumpriam os prazos de pagamento a fornecedores com um número médio de dias de atraso de 27,3, de acordo com o barómetro.

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