Francês que comprou Igreja dos Inglesinhos considera ir para lá viver

Antigo templo católico no Bairro Alto foi vendido por cerca de 1,5 milhões de euros.

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shamila mussa

Um cidadão francês comprou a antiga Igreja dos Inglesinhos, no Bairro Alto, e transformá-la em habitação própria é uma das hipóteses em cima da mesa.

A transacção, noticiada esta quarta-feira pelo Jornal de Negócios, foi confirmada ao PÚBLICO por José Manuel Garcia, mediador imobiliário da Remax Lumiar que fechou a venda. O valor do negócio situa-se “na ordem dos 1,5 milhões de euros”.

A Igreja de São Pedro e São Paulo, integrada no antigo Convento dos Inglesinhos, está dessacralizada desde a década de 1970. O conjunto foi comprado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 1982, mas pouco depois seria adquirido pela então Amorim Imobiliária, que transformou o antigo espaço conventual em condomínio habitacional de luxo.

Nesse período, a igreja teve obras de restauro. “Está totalmente restaurada, muito bonita. E o comprador irá manter todos os detalhes, o património será mantido tal como está”, afirma José Manuel Garcia.

Incluída na Carta Municipal do Património e nas zonas de protecção de vários monumentos, qualquer alteração na igreja está sujeita ao crivo prévio da Câmara de Lisboa e da Direcção-Geral do Património Cultural. Até a mudança de uso. Actualmente usada como espaço de eventos, a igreja só poderá passar a habitação com autorização destas duas entidades – que ainda podem exercer o direito de preferência e comprar o imóvel.

Instalar uma casa no antigo templo, com nave única, altar-mor, altares laterais, coro alto, tecto em abóboda e órgão de tubos é uma forte possibilidade. “O objectivo poderá ser esse”, diz o mediador imobiliário, acrescentando que “o condomínio vê com bons olhos” que isso venha a acontecer. O comprador francês, cuja identidade não foi revelada, tem outros investimentos imobiliários em Lisboa.

Edificada entre 1632 e 1644 para servir o seminário católico de ingleses que ali se instalou, a igreja sofreu graves danos com o Terramoto de 1755. Quando foi comprada pela Santa Casa, em 1982, já ali não se realizava qualquer acto religioso e o imóvel estava em degradação.

A igreja já por uma vez tinha estado à venda, em 2009, por dois milhões de euros, destinando-se então à instalação de comércio e serviços. O negócio não chegou a concretizar-se. Em 2017 foi vendida a “uma empresa de capitais nacionais” e novamente colocada no mercado em meados de 2020.

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