Nova associação quer defender direitos de agentes e produtores de música

A Espetáculo –? Agentes e Produtores Portugueses está aberta a profissionais das outras artes performativas e surge “num período particularmente difícil e sensível para todos os que se dedicam à actividade cultural”.

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As salas de espectáculos reabriram a 1 de Junho com obrigatoriedade de uso de máscara e distanciamento entre espectadores Paulo Pimenta

Agentes e produtores portugueses uniram-se para criar uma nova associação com vista à “promoção e defesa colectiva dos interesses e direitos” dos seus associados, na sua maioria ligados à área da música.

De acordo com um comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Espetáculo –​ Agentes e Produtores Portugueses (AEAPP), “reúne os agentes e produtores portugueses, essencialmente da área da música mas abrangendo também agentes e produtores com intervenção noutras artes performativas” e surge “num período particularmente difícil e sensível para todos os que se dedicam à actividade cultural”.

“É a sobrevivência de todo um sector e dos seus profissionais que está em causa. É a sobrevivência da música e da cultura portuguesa que urge defender”, lê-se no comunicado.

A AEAPP salienta que os seus associados são “agentes de cultura com um papel único e insubstituível na cena cultural portuguesa” e que a associação surgiu da necessidade de se unirem para defenderem o que lhes “é comum”.

Nesta associação estão representados “centenas de músicos e artistas que dão cara e voz ao património cultural de um povo nas suas diferentes expressões” e produtores de “eventos de variados estilos, tipos e dimensão que sustentam grande parte da actividade cultural realizada no país”.

Esta associação tem como objecto e fim “a promoção e defesa colectiva dos interesses e direitos de agentes representantes de artistas e produtores de espectáculos, a contribuição para a organização, dignificação e profissionalização destes operadores do sector cultural, a defesa dos interesses, apoio de consultoria e formação dos seus associados e a promoção da sustentabilidade económica dos agentes do sector cultural”.

Mas também “o desenvolvimento de projectos de capacitação, sustentabilidade ambiental, inclusão social e criação de sinergias no sector cultural, bem como a organização, produção e promoção de actividades de natureza cultural que promovam e incentivem a actividade das artes performativas e ou a criação de novos públicos e mercados”.

Os órgãos sociais da AEAPP incluem responsáveis por produtoras e empresas de agenciamento como a Sons em Trânsito, Fado in a Box, Radar dos Sons, Bairro da Música e Uguru e músicos como André Sardet e John Gonçalves (The Gift).

Os espectáculos em Portugal começaram a ser adiados ou cancelados devido à pandemia da covid-19 no mês de Março, ainda antes de decretado o encerramento das salas.

Segundo a Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE), só entre meados de Março e final de Abril do ano passado foram cancelados, suspensos ou adiados cerca de 27 mil espectáculos.

No dia 1 de Junho, as salas foram autorizadas a reabrir, com lugares marcados e regras de distanciamento social, mas ficou proibida a realização de “festivais e espectáculos de natureza análoga” até 31 de Dezembro.

O Verão decorreu sem festivais de música, com a Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) a estimar uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, contra os dois mil milhões originados em 2019.

A APEFE, por seu lado, divulgou que o mercado dos espectáculos registou uma quebra de 87% entre Janeiro e Outubro do ano passado, face a 2019, admitindo que não seria difícil que esta quebra pudesse atingir “os 90% até ao final do ano”.

Os números concordam com os das plataformas de venda de bilhetes para espectáculos, em Portugal: a BOL registou uma quebra de 91% no volume de vendas, enquanto a Ticket Line e a Blue Ticket disseram à Lusa terem registado perdas superiores a 80%.

Nos últimos meses, na sequência da crise que se abateu no sector da Cultura devido à pandemia da covid-19, surgiram várias associações e colectivos, entre as quais a Acção Cooperativista, o Movimento pelos Profissionais das Artes Performativas e a Convergência pela Cultura, que organizaram protestos e foram divulgando publicamente posições em relação às políticas do Governo para o sector, que consideraram sempre insuficientes.

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