João Ferreira viajou de metro entre o Seixal e Almada para provar que o distanciamento físico é ficção

Candidato alertou para a necessidade de “mais investimento” nos transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa e no resto do país.

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João Ferreira enalteceu "a fibra e a força" da sua candidatura Nuno Ferreira Santos

O candidato presidencial João Ferreira fez nesta terça-feira uma viagem no metropolitano de superfície entre o Seixal e Almada para demonstrar que o distanciamento físico nos transportes públicos, imposto pela pandemia, é uma irrealidade, inclusivamente fora das horas de ponta.

“Viu as condições em que viajámos na composição do Metro Transportes do Sul, que acho que não são as ideais, nem as desejáveis, pelas condições de distanciamento físico que não foi possível garantir num período como aquele em que estamos, que já não é de hora de ponta”, disse à agência Lusa João Ferreira.

Por essa razão, o candidato alertou para a necessidade de “mais investimento” nos transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa e no resto do país.

“Justifiquei esta escolha (...) com as grandes dificuldades que durante muitos anos as populações aqui enfrentaram e ainda enfrentam no que diz respeito aos transportes públicos, da luta que foi aqui dinamizada pelas populações, pelos utentes, e que foi essencial para a consagração dessa importante conquista que foi o passe social intermodal”, explicitou, acrescentando que, apesar disso, ainda são precisos “mais autocarros, mais comboios, mais navios, investimento nas respectivas empresas e o reforço da intervenção pública neste sector”.

O candidato presidencial fez uma viagem, com início cerca das 11h, no metropolitano de superfície entre a estação Casa do Povo, em Corroios, concelho do Seixal, e a estação de Almada, no concelho como mesmo nome. Dentro da composição não foi possível cumprir o distanciamento físico que a pandemia impõe.

À chegada, o também eurodeputado comunista e elemento do Comité Central do PCP foi recebido por quase uma centena de apoiantes que o aplaudiram e entoaram o cântico “João avança com toda a confiança”, todos de máscara e alguns até empunhando bandeiras de Portugal.

João Ferreira disse que esta concentração de pessoas “não estava prevista”, uma vez que era apenas uma “acção simbólica sobre as questões” dos transportes públicos, mas que “é um sinal muito animador e demonstrativo” de uma “corrente de apoio” ao candidato que espera que se alargue ao resto do país.

Questionado pela Lusa sobre se a grande concentração de pessoas junto a uma estação do metropolitano não poderia passar uma mensagem errada para o resto da população, uma vez que o número de contágios continua elevado e que são desaconselhados quaisquer ajuntamentos, o candidato enalteceu a utilização da máscara e o “distanciamento razoável assegurado”, que é “absolutamente crucial”.

Contudo, a Lusa constatou que algumas pessoas presentes nesta acção de campanha não praticaram o distanciamento social e outras chegaram até a quebrá-lo totalmente quando chegou o momento das fotografias com o candidato.

Interpelado sobre a razão pela qual não prescindiu do contacto com a população, ainda que com as restrições a que a pandemia obrigou, o comunista justificou a decisão com a “dimensão cívica das eleições, de participação cívica, que não se esgota no dia da eleição” e que tem de ter “expressão ao longo” da campanha.

Durante o discurso que proferiu depois da viagem no metropolitano de superfície João Ferreira enalteceu “a fibra e a força” da candidatura que contribuirão “para que mais e mais gente perceba a importância” de haver na Presidência da República “alguém que usa os poderes que a Constituição lhe atribui para ser coerente e consequente com o juramento que faz de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição”.

À margem o candidato considerou que as eleições presidenciais, não podem “passar ao lado das pessoas”, uma vez que os cidadãos não são “meros espectadores de um desfile personalidades”.

As eleições presidenciais estão agendadas para 24 de Janeiro. São candidatos à Presidência da República João Ferreira, o actual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Gomes, Marisa Matias, André Ventura, Vitorino Silva e Tiago Mayan Gonçalves.

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