Economistas antecipam recuperação em 2021

Barómetro trimestral destaca que 48% dos inquiridos acreditam que a economia nacional irá melhorar este ano e 5% estão mesmo confiantes numa “melhoria muito expressiva”.

O ano de 2020 será definitivamente histórico, marcado pela pandemia da covid-19, que deixou para trás o bom desempenho das contas públicas alcançado em 2019. Os fortes impactos negativos causados pelo vírus não se fizeram só sentir ao nível dos sistemas de saúde de todo o mundo, sendo o seu efeito ao nível da economia igualmente negativo, e provavelmente mais duradouro. O último e quarto barómetro de fiscalidade deste ano da Ordem dos Economistas visa fazer um balanço do ano de 2020, nomeadamente uma avaliação da resposta à pandemia, uma análise das perspetivas para o ano de 2021 e das medidas de recuperação económica.

Após um ano de extrema incerteza, que gerou resultados negativos para a maioria dos indicadores económicos, a distribuição das primeiras vacinas no final de 2020 – que consagra o extraordinário trabalho da ciência em prol da humanidade – traz a desejada esperança de um final à vista.

Ainda que com um longo caminho a percorrer, 2021 é antecipado como um ano de otimismo e recuperação. De acordo com as previsões das principais instituições, a economia portuguesa terá um crescimento do PIB positivo, com o FMI (em Outubro de 2020), mais otimista, a estimar em 6,5% e a OCDE (em Dezembro de 2020), menos otimista, de apenas 1,7%.

A maioria dos membros da Ordem dos Economistas também se mostra positiva, com 48% a acreditar que a economia irá melhorar e com 5% confiantes numa melhoria muito expressiva. Das restantes respostas, 15% consideram que a economia irá ficar igual, 24% que irá piorar e 8% que irá piorar bastante.

Em termos mais quantitativos, nomeadamente no que ao crescimento diz respeito, 17% antecipam um cenário de recessão para 2021 e 6% consideram que o PIB não terá crescimento (0%). Porém, a maior parcela dos inquiridos (39%) estima um crescimento entre os 0% e os 2%, 34% antevêem um crescimento entre os 2% e os 5% e os restantes 4% um crescimento superior a 5%.

Relativamente à avaliação das medidas de resposta à pandemia adotadas pelo Governo, em termos de adequabilidade numa escala de 1 (muito insatisfatório) a 5 (muito satisfatório) a conceção de flexibilidade fiscal e de moratórias de crédito foi a que gerou a nota mais satisfatória com uma média de 3,25, seguindo-se a estabilidade política com 3,14 e as medidas de controlo da pandemia com 3,07. Com avaliação entre o neutro e o insatisfatório, surgem as medidas de apoio ao emprego (2,95), a gestão do SNS (2,81), a gestão orçamental das contas públicas (2,77), o apoio às empresas (2,73) e a gestão da comunicação e informação (2,62). Já mais próximo do patamar do insatisfatório, surge o planeamento e organização (2,42) e as medidas de recuperação e investimento (2,36).

Em linha com as expectativas, a avaliação dos diversos indicadores e setores económicos apresenta resultados negativos em todas as vertentes. O indicador com a nota mais positiva é a poupança (2,90), mantendo a classificação de 2019, seguido pelo Sistema Financeiro e Bancário (2,71), pela Educação (2,65), Tecido empresarial (2,58) e pela Saúde (2,56). Antagonicamente, o crescimento económico que liderava a tabela em 2019 passou para penúltimo lugar com uma compreensível classificação de insatisfatório (2,01), com o último lugar a ser ocupado pela Dívida Pública (1,88).

PÚBLICO -
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O Orçamento do Estado de 2021 divide a opinião dos membros da Ordem, porém a avaliação tende para o negativo, com 13% a considerá-lo muito negativo, 37% negativo, 25% neutro, 24% positivo e apenas 1% muito positivo. Na avaliação setorial, todos os indicadores ficaram aquém do neutro, com a nota mais alta a ser atribuída ao planeamento e gestão dos fundos europeus (2,74). No fundo da tabela com a avaliação mais negativa surge o Plano de restruturação da TAP (1,92), o Novo Banco e Fundo de Resolução (1,94) e a implementação de reformas estruturais (2,01).

Os números inscritos neste barómetro traduzem as dificuldades reais do ano de 2020, que contrastam negativamente com os resultados positivos alcançados em 2019. A pandemia voltou a colocar a descoberto várias das dificuldades endémicas da nossa economia, com muitos dos impactos ainda por se sentir. O cenário desfavorável que vivemos, a par de todo o mundo, terá que ser encarado como a derradeira oportunidade para relançar a economia no caminho da prosperidade e sustentabilidade, para que em 2021 (e no longo prazo), o contraste com os futuros barómetros seja pela positiva.

Os autores escrevem segundo o novo Acordo Ortográfico

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