“Brexit”: britânicos a viver em Espanha impedidos de embarcar em Londres

Passageiros britânicos voavam de regresso a casa, em cidades espanholas. Confusões com os documentos exigidos no pós-Brexit deixaram-nos em terra.

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A British Airways impediu erradamente os britânicos de viajarem para Espanha Hannah Mckay/Reuters

No primeiro fim-de-semana após o fim da fase de transição do “Brexit”, britânicos residentes em Espanha de regresso a casa foram impedidos de embarcar em Heathrow em diferentes voos da British Airways e num voo conjunto da companhia e da Iberia com destino a Madrid, sendo-lhes dito que precisavam de ter passaporte espanhol ou que os seus documentos de residência pré-"Brexit” já não são válidos.

Todos deveriam ter podido voar e, pelo menos no caso de um passageiro, a British Airways já pediu desculpas e ofereceu um voo gratuito.

Tanto a British Airways como a Iberia são propriedade da multinacional anglo-espanhola IAG. 

Segundo o jornal The Guardian, nove pessoas não puderam embarcar no voo de sábado à noite para a capital espanhola. Entre os passageiros estava o jornalista e fotógrafo Max Duncan, a quem foi dito que o seu documento de residência já não é válido. Mas segundo os dois governos, tanto o antigo NIE (número de identificação de estrangeiros em Espanha) como o novo TIE (cartão de identidade de estrangeiro) são válidos.

“Isto não devia estar a acontecer, as autoridades espanholas reconfirmaram outra vez esta noite que o documento de autorização de residência é válido para regressar a Espanha, como se afirma no nosso aviso de viagem”, escreveu a embaixada britânica em Madrid no Twitter, em resposta aos tweets de Duncan.

O jornalista entrevistou várias pessoas na sua situação, incluindo um casal que ficou “absolutamente desapontado” quando lhe foi dito que era preciso o TIE para embarcar. “Nós vamos para casa. Espanha é casa”, afirmou a mulher, acrescentando que o seu marido estava quase a ficar sem medicamentos vitais.

O mesmo aconteceu a britânicos que tentaram voar para Barcelona ou Málaga. Stephen Meldrum, que falou com o jornal The Independent, tinha um lugar num voo da British Airways para Malága mas foi-lhe dito incorrectamente que só os passageiros com passaporte espanhol podiam embarcar. No seu caso, a transportadora já assumiu o erro: “Vendo o que aconteceu parece que foi impedido de embarcar erradamente. […] Apesar de não mudar o que aconteceu, gostaríamos de remarcar a sua viagem sem custos para amanhã”.

O problema com Meldrum e com outros passageiros é que, para além da documentação, é preciso um teste de diagnóstico à covid-19 (PCR) válido. “Não posso viajar amanhã [domingo] porque o meu teste PCR vai estar desactualizado. Só consigo ter os resultados de um novo teste na segunda-feira à noite, por isso vou ter voar na terça”, explicou.

Por causa da pandemia, até 19 de Janeiro só podem viajar para Espanha cidadãos espanhóis ou com residência legal em Espanha que tenham um teste negativo realizado nas 72 horas antes da chegada.

Madrid anunciou o ano passado que os britânicos a residir em Espanha receberiam um cartão de identificação com fotografia (TIE) que substitui os documentos exigidos aos cidadãos da União Europeia. Dezenas de milhares pediram o novo cartão, num processo que decorreu normalmente, mas como o sistema ficou sobrecarregado muitos ainda não têm data para levantar o documento. Oficialmente, há cerca de 300 mil britânicos a residir em Espanha.

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