FC Porto sem gelo nas veias arrastou decisão até ao limite

Uma vantagem escassa, que chegou a ser questionada pelo Moreirense, acabou em vitória gorda, com dois golos saídos do banco mesmo ao cair do pano, numa noite desinspirada do ataque portista.

Foto
LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÙJO

Mesmo sem carburar em pleno, sobretudo no plano ofensivo, o FC Porto goleou o Moreirense (3-0), aproveitando o adiamento do Santa Clara-Benfica para assumir, à condição, a vice-liderança da Liga, num jogo resolvido apenas nos minutos finais e em que Sérgio Conceição, com 187 partidas, passou a ser o terceiro técnico da história do clube com mais jogos no banco. 

Associado a este retrato de família fica um Moreirense abalado pela saída de César Peixoto do comando técnico a menos de 48 horas da visita ao Dragão. Os minhotos nunca tinham pontuado em casa dos campeões nacionais e assim continuarão por mais uma época, apesar de a equipa entregue a Leandro Mendes ter feito os possíveis para retirar algo positivo deste confronto.

Perante um dispositivo hermético, com nove homens de campo a cerrarem fileiras e a formarem, em tese, um bloco compacto, o FC Porto até encontrou com surpreendente facilidade formas de penetrar e criar sucessivas situações de ataque. O grande problema dos portistas residia, pois, na definição dos lances, invariavelmente desperdiçados, não raras vezes por força de equívocos, precipitações ou más decisões. 

Neste capítulo, ninguém escapava a uma certa vulgaridade e a uma apatia generalizada, mesmo perante o convite dos minhotos, com inúmeras falhas grosseiras na defesa. Apesar das preocupações defensivas, a equipa de Moreira de Cónegos mostrava que não estava programada para 90 minutos de sofrimento. 

Com todas as limitações ofensivas, os “cónegos” exploraram os espaços concedidos pela impetuosidade de Manafá para se infiltrarem no corredor esquerdo em busca de uma surpresa. Aliás, conseguiram mesmo um punhado de ataques e um par de remates de meia distância, estatística que até superava os números dos “dragões”. Neste contexto, com as ideias totalmente congeladas, o FC Porto acabou por chegar ao golo na sequência de um penálti a punir entrada desastrada de Ferraresi ao pé direito de Corona. Perante Sérgio Oliveira, Pasinato ainda tocou na bola, mas não evitou o sexto golo do médio portista no campeonato. 

Reduzido o peso sobre os ombros do FC Porto sensivelmente a meio da primeira parte, o período que se seguiu foi de absurdo desperdício da dupla Marega e Taremi, com Luis Díaz a juntar-se à festa e a provar que parece mais talhado para golos impossíveis. Aproveitava o Moreirense para regressar vivo às cabinas, sempre com Walterson atento à mínima desconcentração dos anfitriões. 

O descanso acabou por não trazer maior clarividência aos portistas, que mantiveram o registo, sempre numa toada morna, sem gelo nas veias, apesar das baixas temperaturas. E nem Corona, que desbloqueara a partida, era capaz de um rasgo, contribuindo para o eternizar de uma situação de risco, como se percebeu quando o Moreirense galgou metros por Pires e Walterson chegou tarde para a emenda. O brasileiro repetiu a gracinha num aviso sério a um FC Porto que antes de resolver a questão, ainda viu um golo anulado a Toni Martínez. 

O espanhol insistiu e D’Alberto traiu Pasinato (88’), que voltou ao fundo das redes depois de o brasileiro Evanilson ter desviado subtilmente uma oferta de Sérgio Oliveira, rematando a goleada. 
 

Sugerir correcção
Ler 2 comentários