Polícia do Ohio despedido após matar afro-americano desarmado

O homícidio ficou gravado na bodycam do agente.

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A morte de Andre Hill também gerou protestos Reuters/MEGAN JELINGER

Um polícia do Ohio, nos Estados Unidos, foi despedido por ter morto a tiro um afro-americano desarmado que apenas tinha um telemóvel na mão. O agente também recusou assistência médica à vítima durante vários minutos. O homicídio de Andre Hill, de 47 anos, ficou registado na câmara instalada na farda do agente Adam Coy.

O polícia de Columbus foi despedido poucas horas depois de uma sessão em tribunal para determinar se manteria ou não o emprego, explicou o director de Segurança Pública daquela cidade, Ned Pettus, em declarações citadas pela agência de notícias Associated Press.

“Quando assumi este cargo, mudei os nossos valores de forma a incluírem a responsabilização pelos nossos actos”, afirmou Pettus, citado pela NPR. “E é isto a responsabilização: as provas deram-nos argumentos suficientes para o despedimento. E Coy vai ter de responder perante os investigadores sobre a morte de Andre Hill.”

De acordo com Pettus, o Coy cometeu vários erros: violou as regras de uso da força do departamento e não seguiu o protocolo em dois momentos — quando não ligou imediatamente a bodycam e quando recusou assistência médica ao ferido.

“Os actos de Adam Coy não correspondem ao juramento de um agente da polícia de Columbus, ou aos padrões que nós e a comunidade exigimos aos nossos agentes”, acrescenta-se na nota. A morte de Andre Hill foi “uma tragédia” para a comunidade de Columbus e para o departamento da polícia, lê-se ainda. 

O despedimento era o cenário mais provável depois de uma declaração em vídeo do chefe da polícia daquela cidade, Thomas Quinlan, na véspera de Natal, na qual dizia ter provas suficientes para considerar que tinha de o demitir. Na altura, Quinlan disse que existiam “provas sólidas” e que o ex-agente teria de responder judicialmente pelo crime.

Adam Coy e outro agente responderam a uma ocorrência nocturna na terça-feira da semana passada. Um automóvel estava estacionado na entrada da casa do cidadão. As imagens da bodycam mostram Andre Hill a sair de uma garagem com um telemóvel na mão segundos antes de ser baleado.

Não há áudio do incidente, uma vez que o agente não activou a câmara num primeiro momento, que apenas registou as imagens com um mecanismo de segurança que capta o vídeo independentemente de o agente accionar o aparelho. A ausência de som faz com que alguns aspectos do que aconteceu permaneçam um mistério. A câmara foi ligada apenas depois de Hill ter sido baleado.

Este é o mais recente caso na recta final de um ano marcado pela grande contestação em torno da violência policial nos Estados Unidos e que alastrou a todo o mundo depois do homicídio de George Floyd em Mineápolis, no Minnesota. Floyd foi asfixiado por um dos polícias que o deteve e esteve durante vários minutos a pedir ajuda sem que o pedido fosse atendido pelo agente que o matou ou pelos restantes polícias que o viram morrer, imobilizado.

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