Os livros estão lá, separados numa vitrina, sempre visíveis para que a memória não se esqueça: O Capital, de Karl Marx, Reforma ou Revolução?, de Rosa Luxemburg, a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, de Natália Correia. São obras, entre muitas, cuja mensagem tentou ser silenciada por um regime. Num mundo fechado, as livrarias lutavam para que essa mensagem não se perdesse. Há 50 anos, pela mão de Luís Alves Dias, a Livraria Ler nasceu também com esse propósito: a de ser um espaço de divulgação cultural, de liberdade de pensamento, de resistência à opressão. Meio século depois, esta livraria de bairro, independente, foi distinguida como Loja com História pela Câmara de Lisboa, conferindo-lhe assim alguma protecção em termos de arrendamento. “É um reconhecimento. Isto a nível arquitectónico tem muito pouco interesse, mas é um pouco pela história de livraria. O meu pai foi um dos últimos livreiros resistentes”, diz Luís Alves, o narrador das histórias que se seguem e que tem hoje a missão de gerir com a irmã o legado que o pai lhes (nos) deixou.
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