Maioria dos passageiros aterra em Faro sem teste covid-19

A realização dos exames processa-se de forma lenta, mas quem não traz certificado de saúde só precisa de prometer que realiza o exame dentro de 48 horas.

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Os passageiros podem optar por fazer o teste no aeroporto ou no exterior Nelson Garrido

“Vou já saber se há avião para Lisboa, ou apanho outro meio de transporte”, diz Fiaz, técnico de electrónica, com duas lojas em Cascais, ao desembarcar de um avião da British Airways, em Faro. Não sabe se está infectado. Outros passageiros optaram por realizar o teste covid-19 no aeroporto, submetendo-se a uma fila de mais de 40 pessoas. Quem não quer esperar, como Fiaz, assina uma declaração de que realiza o exame no prazo de 48 horas, e segue em frente.

A decisão de flexibilizar o sistema de controlo surgiu depois de, na segunda-feira, ter havido passageiros a aguardar cinco e seis horas para realizarem o teste Covid. “Foi uma sorte ter conseguido bilhete”, diz Fiaz, acrescentando: “Por duas vezes foi-me cancelado o voo”. Na época natalícia, decidira ir a passear a Londres, durante uma semana, com a mulher. Quando o Governo britânico decretou as medidas restritivas, estava no fim das miniférias. “Fiquei mais dois dias”. Nesse período, de 48 horas, tentou fazer o teste covid-19, “mas não consegui”, justifica.

Filipe Grossmann, vindo a Escócia, lamenta a “confusão” que encontrou em Londres. “Levantei-me às 4h00 para tomar o avião em Glasgow. Ao fazer escala no aeroporto de Heathow, “encontrei uma tremenda confusão – portugueses, franceses, italianos, gente de todo o mundo, num dos sítios onde, supostamente, sucedeu a variante do vírus”. Saiu do aeroporto quando já passava 5h30 da tarde. Sabia que tinha de fazer o teste para poder entrar em Portugal, mas as tentativas não surtiram efeito. “Completamente impossível, não havia vaga”, explicou. Optou por fazer o exame à chegada. “Se não fosse a minha mãe ter transferido dinheiro para a minha conta, não tinha os 100 euros para pagar”, diz o estudante do segundo ano de engenharia na Escócia.

A mãe, Teresa Grosmann, contesta o preço do exame. “Eu fiz o teste rápido, na semana passada na Cruz Vermelha, em Lisboa, paguei 20 euros, e se tivesse optado pelo mais demorado — com mais segurança – seriam 60 euros. “Estão aqui [aeroporto de Faro] fazer um negócio da China”, comenta. No mesmo avião, com lotação de cerca de dois cercos da capacidade, viajaram passageiros que podiam fazer prova de que não estavam infectados, ao lado de outros em completo desconhecimento sobre o seu estado de saúde

Com passo rápido, Cristina Torrinha, atravessa o hall do aeroporto. Tem os pais à espera, chegados de Évora, e está com natural ansiedade de os abraçar. “Fiz o teste ontem, tive hoje o resultado, paguei 150 libras”, explica. Quando passou pela zona de desembarque “foi só mostrar o papel, mas estava uma fila de mais 40 pessoas — mais de metade dos passageiros não tiveram tempo de fazer o exame à partida”.

Esta profissional de saúde, cardiopneumologista, vive em Londres há nove anos e trabalha no  St Thoman ‘s Hospital. “Temos lá muitos doentes covid”, enfatiza. Costuma visitar Portugal três vezes por ano, mas dada a situação pandémica, diz, “ainda não tinha vindo”.

Tiago Guerreiro, de 30 anos, a fazer um doutoramento no Reino Unido, queixa-se, também, da “falta de oportunidades em Portugal”. Por isso, optou por fazer investigação na área da matemática no Reino Unido. Na época natalícia, as saudades da terra fizeram-no regressar, temporariamente, ao Algarve. Sobre o “Brexit”, no seu caso, acha que não vai ter influência: “Portugal é que não nos abre portas”.

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