Bruxelas pede fim das restrições extraordinárias ao Reino Unido

Comissão Europeia lembra que as regras de livre circulação estão em vigor até ao final do ano e apela ao fim da proibição de viagens indispensáveis. França autoriza regresso de cidadãos franceses a partir de quarta-feira, desde que tenham um teste negativo.

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Os produtos começam a faltar em alguns supermercados de Londres, por causa dos receios de escassez nos próximos dias LUSA/FACUNDO ARRIZABALAGA

A Comissão Europeia defendeu um alívio do bloqueio de vários países europeus ao Reino Unido por causa dos receios de contágio com uma nova variante do vírus que provoca a covid-19, alimentando a esperança de milhares de pessoas de poderem passar o Natal nos seus países de origem.

A recomendação de Bruxelas, aprovada esta terça-feira, é apenas um primeiro passo para a resolução do problema, e não é certo que os países-membros adoptem o plano de acção conjunto a tempo de se desbloquear o impasse antes do dia de Natal.

Por sua iniciativa, o Governo francês aligeirou as restrições e vai permitir o regresso de cidadãos franceses e de britânicos com residência permanente em França, a partir de quarta-feira – desde que tenham um teste negativo para mostrar na fronteira. No grupo estão incluídos os camionistas franceses retidos no lado britânico.

Num comunicado, a Comissão Europeia sublinhou que as regras de livre circulação continuam a ser aplicáveis ao Reino Unido até ao último dia de Dezembro, estando enquadradas por uma recomendação, aprovada em Outubro, sobre as restrições aos movimentos por causa da pandemia de covid-19.

“As viagens indispensáveis para o Reino Unido e o trânsito de passageiros devem ser facilitados e as proibições de tráfego aéreo e ferroviário devem ser suspensas”, disse a Comissão Europeia, justificando a sua recomendação com a “necessidade de assegurar as viagens indispensáveis e evitar perturbações nas cadeias de abastecimento”.

Mas é difícil que o impasse seja resolvido a tempo do dia de Natal, já que nenhuma das propostas que estão em cima da mesa tem efeitos imediatos. 

Se a solução passar por uma quarentena de dez dias para as pessoas que querem sair do Reino Unido, o prazo só terminará no próximo ano; em alternativa, a realização de testes antes da partida não teria resultados antes de 24 ou 48 horas.

Desde o fim-de-semana, mais de 40 países em todo o mundo proibiram a entrada de voos a partir do Reino Unido, depois de o Governo de Boris Johnson ter admitido, no sábado, que uma nova variante do vírus SARS-CoV-2, mais infecciosa, estava fora de controlo na região de Londres e no sudeste do país.

Em cima deste bloqueio internacional, o Governo francês fechou também as suas portas à entrada de pessoas através do Canal da Mancha, o que afectou a circulação das mercadorias transportadas por camionistas.

Milhares de camionistas estão parados no lado britânico à espera de uma solução para poderem regressar aos seus países; e muitas empresas de transporte europeias deixaram de enviar os seus produtos para o Reino Unido, com receio de que mais camionistas fiquem retidos na ilha britânica.

O impasse pode ter consequências graves para o fornecimento de alimentos e medicamentos aos cidadãos britânicos nos próximos dias, à medida que os produtos vão desaparecendo das prateleiras dos supermercados. E surge numa época particularmente difícil – para além do habitual aumento do consumo no Natal, os britânicos temem que uma eventual saída da União Europeia sem acordo, a partir de 1 de Janeiro, provoque ainda mais perturbações nas suas vidas.

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