Total de empréstimos em moratórias ascendeu a 46 mil milhões até Setembro

Prestações e juros não pagos durante as moratórias deverão ascender a 13 mil mil milhões de euros, dos quais 11 mil milhões relativos a empréstimos de empresas.

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Moratórias pretendem ajudar empresas e famílias com quebra de rendimentos Paulo Pimenta

O total de empréstimos abrangidos pelas moratórias de crédito ascendia a 46 mil milhões de euros até Setembro, segundo dados do Banco de Portugal (BdP). Desse montante, 24,4 mil milhões de euros dizem respeito a empresas e 21,6 mil milhões de euros às famílias.

Em Junho, o total de empréstimos e integrados em moratórias, criadas para apoiar empresas e famílias afectadas pela pandemia de covid-19, ascendia a 43,2 mil milhões de euros, muito próximo do montante de Setembro, o que é explicado pelo facto do grande número de pedidos de adesão ter acontecido nos meses de Abril, Maio e Junho. Do total de Junho, 22,5 mil milhões de euros foram relativos a empresas e 20,7 mil milhões de euros a famílias.

Os números divulgados esta sexta-feira pelo BdP têm por base todo o sistema financeiro nacional e não apenas os oito maiores grupos bancários, tendo por base dados da Central de Responsabilidades de Crédito.

O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do BdP, divulgado na quinta-feira, dá conta que no final de Setembro de 2020, os 24,4 mil milhões de euros de empréstimos em moratória correspondiam a 32% do total de crédito concedido pelo sector financeiro a este tipo de clientes.

Ainda de acordo com o documento, até ao final do período de vigência da moratória (Setembro de 2021), as prestações devidas e não pagas deverão ascender a cerca de 15% do stock de empréstimos das empresas, ou seja, “a cerca de 11 mil milhões de euros (um terço do qual é relativo a prestações devidas até Setembro 2020)”. Este peso elevado de prestações não pagas é explicado pelo facto de os empréstimos às empresas terem, habitualmente, prazos curtos.

Já relativamente às famílias, os 21,6 mil milhões de euros de créditos integrados em moratória em Setembro de 2020, correspondem a 17% do total de empréstimos concedidos e a 9% dos devedores de crédito à habitação e ao consumo, com maior peso do crédito para compra de casa. 

O facto de ser apenas 9% dos devedores, face a 17% do crédito total, é explicado pelos vários empréstimos detidos. De referir que o REF de Dezembro dá conta que os particulares abrangidos pelas moratórias têm um maior número de contratos de crédito e relacionamento com mais de uma entidade bancária. “Os devedores que recorreram à moratória têm, em média, cinco contratos de crédito e três relações bancárias”, revela o documento, acrescentando que no universo dos que não aderiram a esta medida a média é de três empréstimos e duas relações bancárias.

Ainda nos particulares, entre Março e Setembro de 2020, o Banco de Portugal estima que “as prestações devidas e não pagas tenham ascendido a aproximadamente 650 milhões de euros”, na sequência da implementação das moratórias.

Já até Setembro de 2021, tendo em consideração os diferentes prazos de vigência para a moratória pública e para as moratórias privadas e a hipótese de não existirem saídas voluntárias de moratória, o total de prestações não pagas poderá ascender a dois mil milhões de euros, com cerca de 4% deste montante a corresponder a juros não pagos”.

O menor montante de prestações não pagas no caso das famílias, face às empresas é, em boa parte explicado pela duração dos contratos, com destaque para o crédito à habitação, que tem prazos muito longos.

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