Apenas 61% dos portugueses se declaram disponíveis para tomar a vacina assim que possível

A predisposição para a imunização contra o vírus pandémico parece estar a diminuir entre os portugueses, ao mesmo tempo que o vírus tende a ser encarado como menos perigoso. Sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica mostra ainda que 32% dos inquiridos procurarão adiar a sua vez de tomar a vacina ou pretendem mesmo rejeitá-la.

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As vacinas estão quase a chegar ao mercado português mas tem vindo a diminuir a proporção de portugueses disponíveis para a tomar assim que possível Victoria Jones/Pool via REUTERS

A predisposição para tomar a vacina contra o novo coronavírus parece estar a diminuir entre os portugueses. À pergunta “Quando chegar a sua vez de ser vacinado, como vai reagir?”, 8% dos portugueses responderam taxativamente que não vão querer ser vacinados e 24% declararam que procurarão adiar algum tempo ou mesmo muito tempo a sua vez. Apenas 61% se declararam disponíveis para receber a vacina assim que forem chamados, segundo a sondagem feita pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica.

Esta falta de receptividade dos portugueses relativamente às vacinas surge numa altura em que estas estão prestes a começar a ser administradas pelo Serviço Nacional de Saúde. O inquérito do CESOP, que decorreu entre 4 a 11 de Dezembro para o PÚBLICO e RTP e que reuniu um total de 1315 pessoas, mostra que apenas 61% se predispõem a ser imunizados imediatamente contra o novo vírus pandémico, sendo que, além dos hesitantes que perfazem 24%, a percentagem dos que alegam não saber ou não querer responder à pergunta é a mesma dos que assumidamente rejeitam a vacina: 8%.

Vírus tido como menos perigoso

A explicação para estas progressivas reticências face à vacinação poderá encontrar-se nas respostas obtidas à pergunta sobre a perigosidade percebida do vírus para as próprias pessoas e para a população em geral. Apesar de se manter uma percepção de elevado risco para a população em geral em todos os grupos etários, uma comparação com os resultados do inquérito feito pelo CESOP em Abril mostra, por exemplo, que a percentagem dos que consideram o vírus “muito perigoso” para os outros desceu para os 73% (87% em Abril). No tocante à percepção da perigosidade para a saúde de cada um em particular, os que o classificaram como muito perigoso também diminuíram de 67% para os actuais 53%.

Sem surpresas, mais portugueses parecem disponíveis para encaixar o novo coronavírus na categoria do “pouco perigoso”: se em Abril, apenas 8% dos portugueses o consideravam pouco perigoso para si próprios, agora a proporção subiu para os 15%. E o mesmo se pode dizer quanto à avaliação da perigosidade para a população em geral: se em Abril, apenas 1% se atreveu a classificá-lo como “pouco perigoso” para os outros, agora são já 4% os que o alegam.

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Convidados a avaliar a actuação das autoridades portuguesas no contexto da pandemia, os médicos surgem claramente apontados como o grupo profissional cuja actuação foi mais bem avaliada: 97% dos inquiridos acharam que foi razoável (7%), boa (25%) ou mesmo muito boa (65%). Neste “ranking de popularidade” segue-se o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cuja actuação 91% dos inquiridos classificaram como razoável (34%), boa (42%) ou muito boa (15%). Já o primeiro-ministro, António Costa, não passou dos 86% (divididos entre os 45% que classificaram a respectiva actuação como razoável, os 33% que a pontuaram como boa e os 8% como muito boa). Ainda assim, António Costa surge com mais popularidade do que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) e a ministra da Saúde, Marta Temido. Ainda assim, e descontados os médicos que não estavam incluídos no inquérito anterior, todos vieram perdendo pontos na avaliação que vai sendo feita pelos portugueses.

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Maioria a favor do estado de emergência

A capacidade de resposta do SNS e dos seus hospitais para lidar com a pandemia não parece ser assunto que tire o sono aos portugueses, a avaliar pelo mesmo inquérito. Isto porque apenas 14% a avaliam como má ou muito má, contra os 41% que a classificam como boa ou muito boa e os 39% que a têm como razoável.

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Quanto ao cumprimento individual das regras ditadas pela DGS (do respeito pelo confinamento ao distanciamento social, passando pelo uso de máscara e pela lavagem das mãos) não é expressiva a percentagem dos que declaram que não as conseguem cumprir: apenas 5%. E se 49% dizem que cumprem apenas o imposto pela situação de emergência, os restantes 45% asseveram mesmo que vão além do exigido nas cautelas impostas ou recomendadas.

Do mesmo modo, e apesar da tão falada fadiga pandémica, 85% dos inquiridos dizem concordar com o estado de emergência vigente para lidar com a propagação da covid-19, contra os 13% que dizem não concordar, seja porque consideram as medidas “exageradas e desnecessárias” (5,2%), seja, pelo contrário, por acharem que as medidas são “insuficientes e deveriam ser mais restritivas” (3,4%).

De resto, e no que concerne à maior permissividade no Natal respeitante à possibilidade de viajar entre concelhos ou de manter encontros familiares, 62% dizem concordar. E 28% consideram que deveria haver mais interdições, contra os escassos 8% que reclamam uma maior ligeireza das interdições. Quanto à passagem de Ano, onde serão impedidas viagens entre concelhos e concentrações de pessoas, 59% concordam e 31% reclamam restrições mais apertadas.

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