Número de ventiladores no SNS cresceu 72% desde o início da pandemia

SNS tem agora um total de 1961 destes equipamentos, revelou o Ministério da Saúde. Há ainda 140 ventiladores que aguardam validação para poderem ser distribuídos.

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Paulo Pimenta

O número de ventiladores nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) cresceu 72% desde o início da pandemia, havendo agora um total de 1961 destes equipamentos, revelou o Ministério da Saúde. Contudo, o número de aparelhos é inferior ao que o Estado contava, já que mais de uma centena ainda não está operacional e muitos outros não chegaram ao país por incumprimento de contratos.

Em resposta ao PÚBLICO, o Ministério da Saúde esclareceu que “no início da pandemia, o SNS tinha 1142 ventiladores” e que “conta actualmente com um total de 1961”, sem especificar o tipo de ventiladores em causa. Um crescimento conseguido com recuperação de material, doações e compras realizadas através dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

Desde Março, mês em que foram confirmados os primeiros casos de covid-19 no país, que foram adquiridos 1411 ventiladores, “dos quais 1211 comprados centralmente”, especificou o gabinete do ministério gerido por Marta Temido. Mas nem todos os aparelhos foram entregues aos hospitais, tal como a TSF adiantou esta segunda-feira, que deu conta que centenas de ventiladores ainda não tinham sido entregues ao SNS.

Efectivamente, até ao momento “do total das aquisições, já foram entregues aos hospitais 819 ventiladores”, assume o ministério, explicando que “140 aguardam validação” para poderem funcionar. Ainda assim, um número inferior ao balanço feito pela ministra Marta Temido no início de Novembro, quando esteve no Parlamento a discutir o Orçamento de Estado da Saúde do próximo ano. Nessa altura, a ministra da Saúde explicou que 253 ventiladores estavam a ser testados pelos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) e que a sua não-utilização prendia-se com a falta de uma peça, “que não veio de origem e que está a escassear no mercado internacional”.

Em declarações em Leiria, o secretário de Estado e Adjunto da Saúde António Lacerda Sales disse que brevemente serão entregues 204 ventiladores aos hospitais. “É preciso serem certificados e reavaliados, para assegurar que tudo está a funcionar em pleno. Há cerca de 204 ventiladores nestas condições. Muito em breve serão entregues aos hospitais”, afirmou em declarações citadas pela TSF.

O responsável confirmou que alguns ventiladores “precisam desse adaptador” de ligação ao sistema de oxigénio”, mas que estão “em condições, até ao final do ano, de ter mais de 2100 ventiladores no global.” António Lacerda Sales reforçou que os problemas sentidos por Portugal são comuns a outros países.

Contratos cancelados

Mas este não o único problema com que Portugal se confrontou. O ministério da Saúde explicou que “foram cancelados os contratos relativos a 245 ventiladores, por incumprimento do prazo de entrega, e depois de se ter concluído não serem necessários”. Ao longo destes meses, quer a ministra da Saúde como o Primeiro-Ministro foram admitindo dificuldades na aquisição e na entrega de ventiladores fruto da grande procura por este tipo de equipamentos por parte de muitos países e a capacidade de produção das empresas.

Em Agosto, o PÚBLICO noticiou que de uma encomenda de mais de 500 aparelhos, o fornecedor acabou por devolver o valor pago relativo a 35 ventiladores que não conseguiu entregar. Um dos objectivos do Governo é aproximar o número de camas de cuidados intensivos que o SNS tem da média dos restantes países da União Europeia, criando para isso uma comissão para esta área, que está a articular as necessidades dos hospitais e a distribuição dos novos equipamentos de forma a melhorar a resposta nas várias regiões. Portugal tem mais de 500 doentes com covid internados em unidades de cuidados intensivos.

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