Juventus, um gigante com um Natal intermitente

Na Europa, a vitória em Camp Nou foi o ponto alto desta época. Em Itália, o quarto lugar actual atesta uma irregularidade fora do comum.

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LUSA/SIMONE ARVEDA

Por que versão da Juventus deve guiar-se o FC Porto? Por aquela equipa errática que tem feito um trajecto aos soluços na Série A, com deslizes que teriam sido impensáveis na última década? Ou por aquele conjunto que, na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, foi a Camp Nou reclamar o primeiro lugar e o apuramento com um triunfo por 0-3? É neste limbo de irregularidade que têm vivido os “bianconeri”, que continuam à procura de um rumo condizente com os anos de Massimiliano Allegri.

Debaixo da batuta de Allegri, a Juventus conquistou cinco campeonatos seguidos, quatro Taças de Itália e, entre outras proezas, alcançou duas presenças na final da Liga dos Campeões. O sucessor, Maurizio Sarri, durou apenas um ano no comando da equipa. Ganhou o scudetto, é certo, mas com muito mais dificuldades que o antecessor (bateu o Inter Milão por um ponto) e espalhou-se ao comprido na Champions, sendo eliminados nos oitavos-de-final pelo Lyon.

Esse desaire custou ao ex-treinador do Nápoles e do Chelsea o lugar. Para o banco saltou Andrea Pirlo, antiga referência do clube e do futebol italiano, quase sem experiência como treinador, mas com o crédito que havia reclamado com a bola no pé junto dos adeptos, ao longo dos anos.

A época, porém, está longe de correr de forma tão suave como o futebol que era praticado por Pirlo. Na Série A, a Juventus ocupa um surpreendente quarto lugar, com os mesmos pontos do terceiro e a quatro do primeiro, tendo cedido empates frente a adversários modestos, como o Crotone, o Verona ou o Benevento.

Sentindo mais dificuldades a enfrentar rivais que defendem em bloco baixo, com uma estratégia mais especulativa, a Juventus tem alternado o sistema utilizado, entre o 4x4x2 e o 3x5x2. Na frente de ataque, Cristiano Ronaldo continua a ser inegociável, variando a dupla que protagoniza, ora com Paulo Dybala, ora com Alvaro Morata.

No sector defensivo, a defesa a três é muitas vezes composta por Bonucci, De Ligt e Demiral (ou Chiellini), com as laterais/alas a ficarem entregues a Alex Sandro (à esquerda) e a Danilo ou Cuadrado (à direita). Quando o desenho é a quatro, De Ligt e Bonucci serão a dupla preferencial.

No corredor central do meio-campo, tem emergido o jovem norte-americano Weston McKennie, coadjuvado por Rabiot (meia-direita) e Bentancur (meia-esquerda), sendo que há ainda soluções de primeiro nível como Arthur, contratado ao Barcelona num negócio que envolveu Pjanic, ou Aaron Ramsey.

Outro dos elementos em destaque nas últimas semanas tem sido Federico Chiesa, contratado à Fiorentina por 50 milhões de euros (esta época será de empréstimo, mas o contrato prevê uma cláusula de compra obrigatória). Tecnicamente evoluído e muito explosivo, é um desequilibrador nato e tem um faro particular para assistências.

Com qualidade para dar e vender, uma das questões que se levanta (e que se coloca também relativamente ao FC Porto e demais equipas) é em que momento de forma vai chegar a Juventus a Fevereiro, quando se iniciar a eliminatória. E que ajustes no plantel poderá fazer no mercado de Inverno, depois de uma caminhada francamente intermitente até ao Natal.

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