SEF: Catarina Martins reafirma que Eduardo Cabrita perdeu as condições para exercer o cargo

O assassinato de um cidadão ucraniano por agentes do SEF “é uma prova de incapacidade” do ministro da Administração Interna “face a um dos casos mais graves da democracia portuguesa”, segundo a líder do BE.

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Catarina Martins insistiu na demissão do ministro da Administração Interna LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

 A coordenadora do Bloco de Esquerda reafirmou este domingo, em Alcanena, que o ministro da Administração Interna “perdeu as condições para o lugar que ocupa”, dada a forma como lidou com a actuação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Falando no final de uma reunião com activistas ambientais do distrito de Santarém, realizada hoje no Centro de Ciência Viva do Alviela, em Alcanena, e questionada a propósito da actuação do ministro da Administração Interna no caso do cidadão ucraniano alegadamente assassinado no aeroporto de Lisboa por elementos do SEF, Catarina Martins lamentou que, em vez de anunciar “transformações profundas” na segurança das fronteiras e na política de imigração, “para que os Direitos Humanos fossem respeitados”, Eduardo Cabrita tenha escolhido “vitimizar-se”.

“No momento em que era preciso dizer ao país das transformações profundas, profundas, que é necessário na segurança das fronteiras e na política de imigração para que os Direitos Humanos fossem respeitados, o ministro decidiu vir à televisão vitimizar-se e isso mostra uma incapacidade destas alterações que o país precisa e nós julgamos que, assim sendo, não tem condições para continuar”, declarou.

Lembrando que o líder parlamentar do BE, Luís Filipe Soares, já se pronunciou neste sentido, “no momento em que o ministro veio falar ao país na semana passada”, Catarina Martins sublinhou que, ao escolher vitimizar-se em vez de proferir “uma palavra de solidariedade para com a família da vítimas” e de anunciar uma reformulação de políticas, Eduardo Cabrita “perdeu as condições para o lugar que ocupa”.

A líder bloquista recordou ainda que, quando esteve no Parlamento em 8 de Abril, na sequência de um pedido de audição apresentado pelo BE, o ministro “prometeu tirar consequências muito fortes do que tinha acontecido”.

Contudo, “quase nove meses depois”, o país é confrontado com “as notícias de uma família que foi deixada sozinha, de consequências que não foram retiradas sobre o próprio funcionamento dos centros do SEF”, que, sublinhou, “não seguiram sequer as recomendações da Provedoria de Justiça”.

“Julgamos que isso é uma prova de incapacidade face a um dos casos mais graves da democracia portuguesa: um homem foi torturado até à morte por forças de segurança do nosso país. É difícil lembrarmo-nos de alguma coisa mais grave numa democracia”, salientou.

Para Catarina Martins, o problema do SEF “não é pontual, é sistémico, até porque as várias entidades nacionais e internacionais têm vindo a denunciar há muitos anos os abusos, os atropelos aos direitos humanos”.

“Como o problema é sistémico, julgo que colocar a questão [como fez o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa] é inútil. É preciso é tirar as conclusões. Isso exige uma profunda remodelação de toda a política de imigração e de fronteiras do Estado português e na verdade o ministro não mostrou até agora os planos para o fazer e aquilo que Portugal precisa é de um ministro que queira fazer essa mudança e não que queira fazer umas poucas mudanças decorativas e deixar tudo na mesma”, declarou.

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