Movimento Zero promovido no Facebook da GNR. Polícia vai averiguar caso

Publicação do Movimento Zero a visar cronista do jornal Expresso foi promovido pela GNR. A força policial desconhece o que esteve na origem da promoção.

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Imagem da manifestação do Movimento Zero em 2019 Rui Gaudencio

A GNR confirma que houve uma promoção de uma publicação do Movimento Zero na conta oficial da força policial no Facebook, mas desconhece como tal aconteceu e vai investigar a origem da acção.

A publicação data de Julho e foi feita na conta do Movimento Zero no Facebook e republicada no Twitter esta sexta-feira por Fabian Figueiredo, da Comissão Política do Bloco de Esquerda. Em causa está um post do movimento não oficial de apoio às forças policiais que visava uma crónica no jornal Expressoassinada por Carmo Afonso, sobre violência policial. “Ao longo do tempo, temos vindo a confirmar que criticar, enxovalhar, desrespeitar ou desconsiderar os Polícias não são apenas actos de assumidos delinquentes .
São de facto, actos também vulgarmente cometidos por certas personalidades letradas”, escreveram os responsáveis pelo movimento. 

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Mensagem entretanto removida das redes sociais DR

Na publicação, tal como foi denunciado pelo bloquista, surgia uma mensagem que dava conta de que se tratava de uma publicação financiada pela GNR. “Guarda Nacional Republicada deu uma recompensa a Movimento Zero por partilhar esta publicação”, podia ler-se num aviso que foi entretanto retirado da Internet.

Questionado pelo PÚBLICO sobre esta alegada pareceria, o porta-voz da GNR, o tenente-coronel João Fonseca, confirma que a mensagem foi retirada depois de ter tomado conhecimento da sua existência e confirma que a força policial vai investigar a origem da promoção.

“Não sabemos como ou por quem foi feita. A verdade é que não temos qualquer pareceria, de nenhuma forma, com o Movimento Zero. Nem no Facebook, nem em qualquer outra plataforma”, explicou o militar.

Quem é o Movimento Zero?

Foi em 12 de Julho de 2019, em Lisboa, que o Movimento Zero, nascido em esquadras da periferia da capital e também bem implantado no Porto e Braga, apareceu pela primeira vez. Na cerimónia de aniversário da PSP, vestindo t-shirts brancas, voltaram as costas quando o director nacional da PSP começou a discursar.

 É um movimento sem rosto, que acusa os sindicatos e associações de fraqueza perante o Governo, e cujos membros comunicam nas redes sociais. Os posts referem as injustiças de que são alvo os que combatem a criminalidade e relatam um país vergado à marginalidade, num guião securitário de extrema-direita.

Em Novembro desse ano, cerca de 13 mil agentes da PSP e militares da GNR participaram de forma pacífica numa manifestação em Lisboa. Foi apenas um de vários protestos organizados pelo movimento, mas aquele que teve mais projecção.

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