Bancos feitos de máscaras: um estudante sul coreano tenta transformar o lixo da pandemia

Kim Ha-neul começou a recolher e a derreter máscaras descartáveis que transforma em bancos coloridos. Só em Setembro, a Coreia do Sul produziu mais de mil milhões de máscaras para uso interno, mostram dados do governo.

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Reuters/KIM HONG-JI

Quantas máscaras descartáveis são necessárias para fazer um banco? Kim Ha-neul sabe que precisa de 1500. 

Incomodado com o lixo causado pelos materiais de protecção descartáveis, muitos deles feitos de polipropileno, o estudante sul coreano de design de mobiliário procurou uma solução de reaproveitamento: derreter máscaras que, depois, transforma em bancos. Chamou-lhes “Stack and Stack” porque é possível empilhá-los uns nos outros. 

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Em Junho, Kim montou uma caixa de recolha de máscaras de uso único na Universidade de Arte e Design Kaywon, em Uiwang, no sul de Seul. Desde o Verão, recolheu dez mil máscaras usadas e recebeu mais de uma tonelada de máscaras com defeitos, enviadas por uma fábrica. 

Para diminuir o risco de transmissão do novo coronavírus, o jovem sul coreano guarda-as numa arrecadação durante quatro dias, antes de as transformar. Após esse período, remove os elásticos e arames e, com um soprador de ar quente, derrete-as num molde a temperaturas superiores a 300 graus Celsius. 

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O resultado? Bancos de três pés com 45 centímetros feitos a partir de máscaras brancas, cor-de-rosa, azuis e pretas, que Kim apresentou na sua exposição de formatura. Embora os bancos ainda não estejam à venda, colegas da universidade em Seul ficaram impressionados com a ideia e a concepção da superfície rugosa. 

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Nos planos está agora fazer cadeiras, mesas e luzes. Também quer instigar o governo sul coreano e empresas privadas a reciclarem máscaras, começando a recolhê-las em contentores próprios. Só em Setembro, a Coreia do Sul produziu mais de mil milhões de máscaras para uso interno, mostram dados do governo.

Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde alerta que as máscaras descartáveis devem ser deitadas nos contentores de lixo doméstico e não nos ecopontos ou na via pública. São depois incineradas ou reencaminhadas para aterro, tal como as luvas.

As medidas de contenção do novo coronavírus estão a causar um aumento do uso de produtos descartáveis em todo o mundo, pondo um travão na luta contra o plástico e outros materiais de uso único que ganhava terreno há alguns anos. O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, já disse não existir uma protecção acrescida por se usar o descartávelSempre, sempre a reutilizável. A descartável é obrigatória ainda dentro dos serviços de saúde; fora disso, de forma alguma”, disse ao P3.