Pais queixam-se de vedação anti-covid que separa pátio de escola com grades de ferro

Os encarregados de educação mais exaltados dizem tratar-se de “jaulas” ou “curros”. Câmara Municipal do Montijo admite rever a obra.

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Nuno Ferreira Santos
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A vedação anti-covid colocada no espaço exterior da Escola Básica D. Pedro Varela, no Montijo, está a gerar descontentamento de alguns dos pais das cerca de 700 crianças, que acham a solução desadequada e perigosa.

“Brindaram as crianças com esta prenda de Natal: jaulas, curros, o que lhe quiser chamar”, disse ao PÚBLICO João Oliveira Bastos, pai de uma aluna. O mesmo encarregado de educação considera tratar-se de uma solução “indigna para seres humanos” e questiona a segurança da estrutura.

No primeiro dia de aulas após a instalação das novas zonas de segurança, vários outros pais queixaram-se também do estado da roupa e sapatos com que os filhos regressaram a casa, devido à gravilha que cobre o chão destes recintos e que, com a chuva, se transforma em lama.

Luis Firmino, vice-presidente da associação de pais confirmou ao PÚBLICO ter conhecimento de que há pais descontentes com o “tipo de vedação”, embora não tenha ainda chegado qualquer queixa formal à associação.

A associação de país tem já uma reunião marcada com a Câmara Municipal do Montijo, para a próxima semana, para “analisar a situação” e “tentar encontrar soluções possíveis para alterar a vedação”.

A associação de pais diz estar perante “uma espada de dois gumes”, uma vez que “a vedação foi colocada a pedido de alguns pais, e à revelia” da organização representante dos encarregados de educação, e “há outros pais que se queixam”.

Questionado pelo PÚBLICO, o presidente da Câmara Municipal do Montijo admite “corrigir” a instalação, que separa as turmas do 5.º ao 9.º anos. “Não somos intransigentes. Vamos ver se há algum excesso de corredores”, disse Nuno Canta.

O autarca explica que a escola foi recepcionada pelo município, no âmbito da transferência de competências, há apenas cerca de três meses e que a autarquia começou logo a investir para resolver “duas preocupações principais”. A requalificação do refeitório, que tinha “problemas higiene-sanitários e de insalubridade na zona de confecção da comida”, e cujas obras ficaram concluídas “logo em Setembro”; e a colocação de vedação, para proteger os alunos de “actividades menos adequadas” que se passam no exterior do estabelecimento. O mesmo género de vedação exterior foi usada no interior, por ser a de “uso corrente” pela autarquia no seu parque escolar.

O presidente da câmara considera a polémica “desnecessária” por a vedação interior ter sido “desenvolvida no âmbito do plano de contingência contra a covid, da responsabilidade do agrupamento de escolas e da Direcção Geral da Saúde”.

Nuno Canta acrescenta que “a obra responde a muitas das solicitações dos pais dos alunos, relativas à segurança dos mesmos no âmbito da pandemia e mesmo à reivindicação da associação de pais”.

A directora do Agrupamento Escolar D. Pedro Varela confirma ter pedido a separação do espaço escolar, mas não o tipo de estrutura que acabou por ser usada. “Foi pedida delimitação, para manter as bolhas, mas o material, a altura, etc, foram escolhidos pelos técnicos da câmara”, disse Alexandra Caeiro ao PÚBLICO.

A direcção escolar acrescentou pouco depois, no site oficial do agrupamento, um comunicado, em que defende que a delimitação, também já feita nos outros estabelecimentos do agrupamento, mas “com marcas no chão e fitas”, é “da maior importância para reduzir os contactos entre crianças de diferentes turmas”.

Na nota assinada pela directora, a escola “reitera a disponibilidade para ouvir soluções emanadas pelos Encarregados de Educação, através dos seus representantes (APEE)” e pede a “compreensão de toda a comunidade educativa”.

O presidente da Câmara do Montijo assegura que a autarquia teve intenção de “melhorar a escola”, com intervenções que “permitam dar qualidade de vida e de aprendizagem” aos alunos.

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