Uma exposição no Rijksmuseum para “mostrar” a escravatura

Escravatura apresenta 10 histórias verdadeiras que vão estar patentes em 10 salas do museu de Amesterdão, atravessando 250 anos de história colonial dos Países Baixos em quatro continentes: Europa, Ásia, América do Sul e África. As histórias contadas vão desde um homem escravizado no Gana e levado para o Brasil, até uma figura rica da alta sociedade de Amesterdão, cujo retrato foi pintado por Rembrandt.

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Rijksmuseum, em Amesterdão miguel manso

O museu nacional dos Países Baixos, o Rijksmuseum, em Amesterdão, vai inaugurar, em Fevereiro, uma exposição que retrata a história da relação daquele país com a escravatura através das vidas de 10 pessoas. “Escravatura apresenta 10 histórias verdadeiras. Dez histórias sobre pessoas escravizadas ou que escravizaram, pessoas que resistiram e pessoas que foram trazidas para os Países Baixos como escravas. Como foram as suas vidas? Qual foi a sua atitude perante o sistema esclavagista? Foram capazes de tomar as suas próprias decisões?”, pode ler-se no comunicado do Rijksmuseum sobre a mostra, a inaugurar no dia 12 de Fevereiro.

A exposição vai incluir objectos de museus daquele país e de instituições internacionais, como o Museu Britânico, a Galeria Nacional da Dinamarca, os Museus Iziko da África do Sul, a Gestão de Memória Antropológica Arqueológica Nacional de Curaçao, do Caribe, para além dos arquivos nacionais da Indonésia, África do Sul e Países Baixos.

O Rijksmuseum é o museu nacional de arte e história. A escravatura é uma parte integral da nossa história. Ao debruçarmo-nos sobre ela, podemos formar um retrato mais completo da nossa história e um melhor entendimento da sociedade actual”, afirmou, no mesmo comunicado, o director-geral do museu, Taco Dibbits.

A preparação da exposição começou em 2017, ou seja, antes de movimentos como o Black Lives Matter terem assumido uma dimensão internacional a partir dos Estados Unidos da América depois das mortes de pessoas como George Floyd às mãos da polícia, em Maio deste ano. "[O movimento] Black Lives Matter mostra a urgência de que este assunto seja abordado”, afirmou Dibbits, numa apresentação à imprensa, na quinta-feira.

As histórias de 10 vidas, que vão desde um homem escravizado no Gana e levado para o Brasil, até uma figura rica da alta sociedade de Amesterdão, cujo retrato foi pintado por Rembrandt, vão apresentar-se por 10 salas do museu, atravessando 250 anos de história colonial dos Países Baixos em quatro continentes: Europa, Ásia, América do Sul e África. 

Na exposição, os visitantes vão poder ver objectos, pinturas e documentos de arquivo, bem como escutar testemunhos orais, poemas e música. Depois, vão ser convidados pelos artistas David Bade e Tirzo Martha, do Instituto Buena Bista, de Curaçao, a ver os seus trabalhos, sob o título Olha para mim agora.

Segundo o comunicado do Rijksmuseum, a exposição vai atravessar o período colonial holandês, entre os séculos XVII e XIX, mostrando as rotas da escravatura transatlântica no Suriname, Brasil e nas Caraíbas. Também em destaque estará o papel da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais e a escravatura holandesa na África do Sul e na Ásia.

“Os efeitos do sistema nos Países Baixos durante este período também serão sublinhados. Como um todo, apresenta uma visão geograficamente ampla e ao mesmo tempo especificamente holandesa como nunca foi vista num museu nacional”, acrescenta o museu.

Neste âmbito, o Rijksmuseum vai conceber uma peça de teatro especificamente para o público escolar e o conteúdo da exposição vai integrar um programa educativo que se interliga com os currículos escolares obrigatórios, nas educações primárias, secundárias e vocacionais, segundo a instituição.

A exposição ficará patente no Rijksmuseum, em Amesterdão, até 30 de Maio de 2021.

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