Exportações de bens acumulam queda de 12% até Outubro

Vendas para Angola recuaram 41% em Outubro e, para Espanha, mantiveram-se ao ritmo de Outubro de 2019.

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As exportações de bens para Espanha cresceram 0,6% em Outubro, em termos homólogos Tiago Lopes

Apesar de ter vendido mais ao estrangeiro em Outubro do que em Setembro, Portugal continuou a registar uma quebra nas exportações de bens face ao mesmo mês do ano passado, mostram dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

As exportações cresceram 9% em relação a Setembro, mas essa recuperação mensal não foi suficiente para que o nível de exportações ficasse no patamar de Outubro anterior, em relação ao qual há uma descida de 2,2%.

Com a pandemia a reduzir as trocas comerciais, as exportações acumulam uma queda de 12% nos dez primeiros meses do ano, um ligeiro abrandamento em relação ao que se passava até Setembro.

O país vendeu ao exterior bens no valor de 44.334 milhões de euros de Janeiro a Outubro, o que é comparável com 50.096 milhões de euros alcançados em igual período do ano anterior.

Para Outubro, o INE destaca a diminuição de 5,9% nas vendas de fornecimentos industriais em termos homólogos e, em sentido oposto, o crescimento de 6,2% na comercialização de material de transporte ao estrangeiro.

Desde o eclodir da pandemia em Portugal, o país só não registou uma quebra das exportações face a 2019 num mês — Setembro, altura em que as vendas ficaram praticamente estagnadas, ao verificar-se uma variação de 0,2%.

A uma quebra homóloga de 13% em Março sucederam-se descidas de 41% e 39% em Abril e Maio, as maiores deste ano, para se seguirem quebras de 11%, 7% e 2% em Junho, Julho e Agosto. A interrupção de Setembro não foi repetida agora em Outubro, um mês em que a Europa caminhava para um agravamento da situação pandémica, o que levou vários governos a decidirem tomar novas medidas de confinamento.

Ainda assim, as vendas de bens para o mercado europeu (incluindo o Reino Unido nesta contagem) tiveram uma variação homóloga de 0,2%, tal como em Setembro já se havia observado uma subida de 1% face a Setembro do ano passado. O contrário acontece com as exportações para os mercados exteriores à União Europeia, para onde a saída de bens teve uma descida de 10%.

Para Angola, a quebra em Outubro foi de 41% e para os Estados Unidos de 12%. Estes são os dois mercados extracomunitários que em 2019 mais compraram a Portugal, influenciando os resultados de Outubro.

Quando se olha para os principais destinos europeus das exportações portuguesas, o desempenho em Outubro foi distinto quando se compara com o período homólogo: para Espanha, o primeiro mercado, as vendas tiveram um crescimento de 0,6%; para França, subiram 4,3%; para a Alemanha, apenas 0,7%; para o Reino Unido, pelo contrário, tiveram uma descida de 8%; para Itália, cresceram 8%; e para os Países Baixos subiram 0,7%.

Os dados do INE referem-se apenas aos bens; as estatísticas sobre as exportações de serviços são divulgadas pelo Banco de Portugal e, neste momento, conhecem-se os dados até Setembro, mês até ao qual se registava uma quebra de 40%, influenciada pela forte contracção do segmento das viagens e turismo, em que a redução chega aos 56%, a um ritmo superior às quebras que se verificam noutros sectores, como sejam as exportações de serviços de reparação, serviços culturais, transportes ou a contabilização de diferentes serviços fornecidos pelas empresas.

Quanto às importações de bens, os dados do INE mostram uma diminuição das entradas de mercadorias de 12% em Outubro face ao mesmo mês do ano passado. A quebra acumulada nos dez primeiros meses do ano é de 16%.

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