Fado às 6h30? Em Alfama vai cantar-se toda a manhã de sábado porque o fado “está vivo”

É a madrugada de Alfama. Grupo de casas de fado lança o BrunchFado para mostrar que “a paixão está viva”, apesar da crise trazida pela pandemia. No Clube do Fado, das 6h30 às 12h30, mais de 30 artistas cantam para ajudar a União Audiovisual.

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Clube de Fado organiza o brunch: na imagem, Carlos Leitão DR

No sábado, primeiro acorda o fado e só depois o sol. “A ideia surge da necessidade de mostrar às pessoas que estamos vivos, que o fado não vai morrer”, conta à Fugas Nuno Fernandes, director do Fado & Food Group, responsável pela iniciativa marcada para a manhã de 12 de Dezembro em Alfama.

A “paixão está viva” e, por isso, se as medidas de contingência impostas pelo estado de emergência obrigam a que, em Lisboa, se fique em casa a partir das 13h ao fim-de-semana, então que a música se faça ouvir ainda de madrugada e ecoe pela manhã dentro.

O #BrunchFado arranca às 6h30 e prolonga-se até às 12h30, no Clube de Fado, com actuações confirmadas de “mais de 30” artistas, incluindo nomes como Pedro Moutinho, Ângelo Freire, Ana Sofia Varela, Rodrigo Costa Félix, Carlos Leitão e Sandra Correia.

À mesa, a acompanhar vozes e guitarras, vão desfilar ovos mexidos, pastéis, pataniscas, croquetes, caldo verde, fruta, bolos, pão quente, sumos e produtos de cafetaria, entre outros.

A entrada custa 15€ e as receitas revertem, na totalidade, a favor da União Audiovisual, um grupo informal criado em contexto de pandemia para ajudar profissionais do sector da Cultura. Na sala, prometendo-se o cumprimento das regras de segurança e higiene impostas pela DGS, há lugar para 35 pessoas.

Se a ideia nasceu de “conversas entre artistas e membros da gestão do grupo” via Whatsapp, depressa a iniciativa foi crescendo e vários músicos de outras casas de fado juntaram-se ao evento, numa lista que ainda não está completamente fechada.

Nuno Fernandes assume que “as coisas estão difíceis” e que o impacto da pandemia “é significativo”. Dos quatro espaços que o grupo gere, Adega Machado, Café Luso, Timpanas e Clube de Fado, apenas o último está actualmente de portas abertas, funcionando somente às quintas e sextas, registando noites sem um único cliente.

Até ao final de Outubro, contabilizavam “um milhão de euros de prejuízo” e é com um esforço cada vez maior que mantêm os 80 colaboradores, assume o responsável. O “drama”, diz, “é transversal” a todas as casas de fado, afectando não só empresários e trabalhadores como os músicos e fadistas que actuam nos espaços.

No entanto, a iniciativa não quer cantar mágoas nem tornar-se palco de reivindicações ou de contestação política ou partidária. Querem apenas “que as pessoas venham sentir novamente o que é o fado, que venham descobrir ou redescobrir o fado e que se sintam em segurança a fazê-lo”.

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