Ao mesmo tempo que republicanos e democratas continuam sem chegar a um entendimento no Congresso sobre um novo pacote de emergência apoio à economia, a Casa Branca avançou nesta terça-feira com a sua própria proposta, numa tentativa de quebrar o impasse que corre, no entanto, o risco de tornar ainda mais complexas as negociações.

O secretário do Tesouro da Administração Trump, Steven Mnuchin, propôs à liderança democrata da Câmara dos Representantes um pacote de estímulo no valor de 916 mil milhões de dólares (cerca de 750 mil milhões de euros), numa altura em que a primeira vaga de apoios públicos, lançada no início da pandemia, está já prestes a esgotar-se, ameaçando cortar rendimentos a uma parte considerável dos novos desempregados gerados pela crise e pondo em risco as hipóteses de uma retoma económica forte em 2021.

Qualquer plano, para ser passado à prática, tem de ser aprovado pelas duas câmaras do Congresso. E a proposta da Casa Branca até aponta para uma verba mais elevada do que aquela que está neste momento a ser discutida no Congresso entre os republicanos e democratas, que é de 908 mil milhões de dólares, e tenta desbloquear alguns dos desentendimentos que persistem entre o Partido Democrata (que controla a Câmara dos Representantes) e o Partido Republicano (que controla o Senado).

Em particular, a Casa Branca aceitou incluir no pacote algum apoio financeiro do Governo Federal aos estados, uma das exigências dos democratas a que os republicanos do Congresso se têm recusado a ceder.

No entanto, a proposta do ainda Presidente é bastante mais modesta no que diz respeito aos apoios concedidos aos desempregados. No primeiro pacote de ajuda, lançado em Março, o benefício foi reforçado, até Julho, em 600 dólares por semana, verba que passou a partir daí para 300 dólares por semana. No pacote agora proposto, esse reforço não existe, prevendo-se apenas a extensão de alguns programas de apoio aos desempregados que estão agora a chegar ao seu limite.

O plano de estímulo apresentado por Steven Mnuchin aos líderes do Congresso inclui ainda a entrega a cada norte-americano de um cheque de 600 dólares, um valor que é metade dos 1200 dólares dados no primeiro pacote de ajuda.

Os montantes reduzidos de apoio aos desempregados parecem ter gerado descontentamento em relação à proposta da Casa Branca por parte dos democratas, que temem que o novo documento venha prejudicar os avanços que alguns congressistas dos dois lados da barricada tinham vindo a fazer em direcção a um entendimento. “Não se deve deixar que a proposta do Presidente obstrua as negociações no Congresso dos dois partidos que estão neste momento a decorrer”, afirmaram em comunicado Nancy Pelosi e Chuck Schumer, respectivamente, os líderes do Partido Democrata na Câmara dos Representantes e no Senado.

Já do lado dos membros republicanos do Congresso, o argumento utilizado é o de que, nesta fase, antes da entrada em funções de uma nova Administração, se deve pensar num plano mais minimalista que assegure o essencial das posições dos dois partidos, realizando-se mais tarde negociações para um novo plano.