AdC acusa Continente, Pingo Doce e Auchan de alinharem preços de produtos de higiene

Concorrência encontra indícios de que os grupos de distribuição acertaram os preços através do fornecedor Beiersdorf, que comercializa a marca Nivea, entre 2008 e 2017.

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Concorrência diz que tem mais dez investigações abertas na grande distribuição PAULO PIMENTA

Pela segunda vez em duas semanas, a Autoridade da Concorrência (AdC) acusou publicamente os principais grupos de distribuição alimentar de práticas que prejudicam os consumidores.

A entidade reguladora acusou o “Modelo Continente, Pingo Doce e Auchan e o fornecedor de produtos de cosmética e higiene pessoal Beiersdorf de práticas equivalentes a cartel”, alinhando preços finais de venda de alguns produtos.

A 24 de Novembro, estes mesmos grupos já tinham sido implicados pela entidade reguladora num caso de contornos semelhantes com o fornecedor de bebidas alcoólicas Active Brands.

Nesta situação com a companhia alemã Beiersdorf (que tem no seu portefólio marcas como a Nivea, Harmony, Hansaplast e Labello), a AdC “concluiu que existem indícios” de que o Modelo Continente, Pingo Doce e Auchan “utilizaram o relacionamento comercial” com o fornecedor para “alinharem os preços de venda ao público (PVP) dos principais produtos, em prejuízo dos consumidores”.

Na acusação, emitida a 2 de Dezembro, é igualmente visado um director da Beiersdorf. As empresas têm agora um período para se defenderem dos factos que lhes são imputados. “A confirmar-se, a conduta em causa é muito grave”.

Segundo a AdC, os comportamentos investigados duraram vários anos e foram praticados entre 2008 e 2017.

Trata-se de uma prática equivalente a um cartel (denominada na linguagem da concorrência por hub-and-spoke), realça a reguladora.

Embora os distribuidores envolvidos não comuniquem directamente entre si para combinar preços, como ocorre em situação de cartel, “recorrem a contactos bilaterais com o fornecedor para promover ou garantir, através deste, que todos praticam o mesmo PVP no mercado retalhista”.

A AdC sublinha que “tem actualmente em curso mais de dez investigações no sector da grande distribuição de base alimentar, algumas ainda sujeitas a segredo de justiça”.

A AdC já havia acusado, em Junho, estes três grupos de combinaram os preços de venda dos produtos Bimbo Donuts, seguindo-se em Julho nova acusação, em que também foram visados Lidl, Intermarché (Mosqueteiros) e E-Leclerc, bem como os fornecedores Sumol+Compal e Sogrape.

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