Lourdes Castro distinguida com Medalha de Mérito Cultural

O Ministério da Cultura quer com esta condecoração assinalar o “contributo incontestável” desta artista de 90 anos para a evolução e a internacionalização da arte portuguesa.

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ENRIC VIVES-RUBIO/ARQUIVO

A artista plástica Lourdes Castro vai ser distinguida com a Medalha de Mérito Cultural, pelo seu “contributo incontestável para a cultura portuguesa”, anunciou o Ministério da Cultura esta quarta-feira, dia em que a criadora cumpre 90 anos.

Na nota de imprensa enviada à agência Lusa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, justifica que galardoar Lourdes Castro é “um mais do que justo reconhecimento de uma artista maior, e do valor e espaço insubstituível que ocupa na história de arte, tanto portuguesa, quanto mundial”.

“Tendo exposto em todo mundo, e com uma obra amplamente representada nas grandes colecções nacionais, das suas inconfundíveis sombras aos livros de artista, Lourdes Castro construiu algumas das peças mais emblemáticas e reconhecíveis da arte contemporânea portuguesa”, destaca a ministra.

Nascida no Funchal a 9 de Dezembro de 1930, Lourdes Castro desenvolve a sua obra desde finais da década de 1950, com um percurso artístico multifacetado, com recurso a técnicas e processos muito próprios, e que “mostram a sua profunda sensibilidade face à impermanência e a atenção particular com que o seu olhar artístico se relaciona com o mundo”.

Do início do seu percurso, destaca-se a criação da revista KWY, em conjunto com René Bértholo e outros artistas, “momento fulcral para a internacionalização das artes plásticas portuguesas”, com a adopção de novas técnicas e linguagens “que agitaram e mudaram significativamente o panorama artístico nacional”.

“O lugar que a arte contemporânea portuguesa hoje ocupa é inseparável do contributo que esta geração de artistas da qual Lourdes Castro fez parte e que levou a nossa criatividade e talento mais longe que nunca”, releva ainda a ministra.

A governante sublinha também a importância do trabalho arquivístico de Lourdes Castro, cuidando dos documentos, obras, fotos e da correspondência com vários artistas, críticos, curadores, agentes da cultura mundial desde os anos 1950 até hoje, e que representa um outro testemunho do seu percurso e do seu impacto.

“Em Lourdes Castro a vida e o quotidiano são como as obras maiores, como mostra o recolhimento na ilha natal, com o seu companheiro Manuel Zimbro, desde meados dos anos 1980, vivendo e dando atenção ao aqui e agora”, recorda Graça Fonseca na mesma nota, aludindo ao artista falecido em 2003.

A nota do ministério justifica ainda que a Medalha de Mérito Cultural e o reconhecimento que esta distinção traduz “vêm, assim, fazer justiça e dar forma pública a uma homenagem há muito devida a uma artista maior da cultura portuguesa, não só pelo seu talento e criatividade, mas também pela influência e pelo respeito que lhe têm os criadores contemporâneos, seja enquanto artista, seja enquanto exemplo de postura estética e ética”.

Fonte do Ministério da Cultura indicou à agência Lusa que o local e a data da entrega da condecoração “serão anunciados oportunamente”.

Em 2000, Lourdes Castro recebeu o Grande Prémio EDP Arte e, em 2004, foi reconhecida com o Prémio Celpa/Vieira da Silva –​ Artes Plásticas Consagração. Com Francisco Castro Rodrigues foi distinguida, na edição de 2010, dos prémios da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte.

Em 2015, a artista recebeu, na Capela do Rato, em Lisboa, o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, atribuído pela Igreja Católica para realçar uma figura com percurso de humanismo e experiência cristã.

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