Arquitecta Teresa Patrício eleita presidente do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios

Este órgão consultivo da UNESCO para o património cultural tem, pela primeira vez, uma portuguesa a chefiá-lo. Arquitecta promete “diálogo”, “transparência financeira” e uma atenção especial aos profissionais que estão agora a começar.

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Antiga cidade de Palmira, Síria. Teresa Patrício tem trabalhado em vários projectos de conservação de monumentos e sítios arqueológicos, sobretudo em países da bacia do Mediterrâneo Reuters/OMAR SANADIKI

A arquitecta Teresa Patrício foi eleita presidente do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS, na sigla em inglês), tornando-se a primeira mulher portuguesa a ocupar este cargo, anunciou esta quarta-feira fonte da organização representada em Portugal.

Esta organização não-governamental fundada em 1965, com sede em Paris, funciona como órgão consultivo para o património cultural mundial na UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura) há quase 50 anos, tendo por missão promover a conservação e divulgação de monumentos, conjuntos e sítios nas suas dimensões tangíveis e intangíveis.

Teresa Patrício, especialista em património e ex-presidente do ICOMOS Wallonia-Bruxelas, vai suceder a Toshiyuki Kono, do Japão, na presidência do ICOMOS, devendo cumprir um mandato de três anos.

Arquitecta e mestre em conservação do património cultural, Teresa Patrício é também doutorada em engenharia e docente universitária no Centro Internacional R. Lemaire para a conservação, em Lovaina, na Bélgica.

“As pessoas perguntam-me sobre a minha personalidade, o meu método de trabalho, o meu estilo de liderança. Eu não acredito em microgestão, não tenho medo de opiniões divergentes. As minhas convicções sobre o futuro do ICOMOS são: a importância de capacitar e ouvir, o reconhecimento do conhecimento, o investimento nos nossos membros”, afirma a nova presidente, citada num comunicado da organização.

Ainda segundo o ICOMOS, Teresa Patrício já anunciou que irá comprometer-se com “uma administração estratégica, num conselho de administração guiado pelo diálogo, gestão financeira transparente, procurando uma maior participação dos membros, com particular atenção aos profissionais emergentes”, acrescentando que o envolvimento de instituições académicas, a defesa do multilinguismo e a melhoria da comunicação são alguns dos objectivos propostos.

Membro do grupo de trabalho para a salvaguarda do património cultural na Síria e no Iraque, e do conselho de administração do Comité Internacional Blue Shield, para a protecção de património ameaçado no mundo, a especialista portuguesa tem trabalhado em vários projectos e actividades, alguns na área de conservação de monumentos e sítios arqueológicos, sobretudo em países da bacia do Mediterrâneo, como a Turquia, Síria, Líbano, Líbia, e Argélia, entre outros.

O ICOMOS (International Council of Monuments and Sites) é responsável pela “Carta de Veneza” (Carta Internacional para a Conservação e Restauro de Monumentos), criada em 1964, e várias outras recomendações neste domínio do património cultural, promovendo a sua divulgação, a adoção e a aplicação de convenções e textos normativos.

O conselho de administração do – ICOMOS  Portugal, secção portuguesa do ICOMOS, é presidido pela arquitecta Soraya Genin.

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