A Londres violenta de Gareth Evans chega agora aos ecrãs portugueses

A série Gangs of London, co-criada pelo realizador do soberbo The Raid, está disponível a partir desta terça-feira na HBO Portugal, recheada de acção e violência.

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Gangs of London, uma visão sobre o submundo do crime londrino DR

No início da década de 2010, Gareth Evans fez-se notar com o soberbo The Raid. Não era o primeiro filme do realizador galês, mas essa maravilha de acção indonésia toda passada dentro de um só prédio tornou-o um nome a ter em conta nestas lides da acção – e transformou os lutadores Iko Uwais e Yayan Ruhian, praticantes de pencak silat, o nome que se dá às artes marciais indonésias, em caras reconhecíveis, que foram depois aproveitadas para sagas como Star Wars. Isso foi em 2011, tendo-se seguido, em 2014, uma sequela do filme, e, em 2018, outro filme sangrento, Apostle.

Já este ano, Evans co-criou, com Matt Flannery, que foi director de fotografia de todos os seus filmes e também desempenha aqui esse papel, uma série de televisão da Sky Atlantic em co-produção com a norte-americana Cinemax cuja acção (e há muita dela) se desenrola no submundo do crime londrino. O nome não engana: chama-se Gangs of London. Três dos seus nove episódios, cada um com uma hora (menos o primeiro, que tem uma hora e meia, a duração de um filme), foram realizados pelo próprio Evans. Lançada em Abril no Reino Unido, onde rapidamente se tornou um sucesso, a primeira temporada da série chega à HBO Portugal esta terça-feira de uma só assentada. E já há uma segunda temporada a caminho, desta feita em parceria com a AMC. 

A história de Gangs of London começa quando Finn Wallace, interpretado pelo sempre fiável actor irlandês Colm Meaney, é assassinado por dois miúdos que nem sabiam bem quem estavam a matar. Wallace, um dos grandes nomes do crime da capital britânica e alguém cuja família controla as docas da cidade, por onde passa muito do contrabando do submundo, deixa uma crise de sucessão e um mistério: quem é que o mandou matar e porquê? Em vida, o patriarca mantinha unidas várias facções multiculturais de famílias criminosas, paquistaneses e pavee, curdos e albaneses. Após o seu homicídio, estes clãs vão tentar descobrir o que se passou e digladiar-se por cada vez mais poder. O impetuoso filho de Finn, Sean (Joe Cole, de Peaky Blinders), quer a todo custo vingar a morte do pai, mesmo que isso custe a paz entre os aliados da família e paralise uma boa parte das operações criminosas da cidade, algo que não agrada a muitas pessoas.

Pelo meio, entre muitas outras personagens, de várias outras famílias e gerações, há a viúva de Finn e mãe de Sean, Marian (Michelle Fairley, de A Guerra dos Tronos); o parceiro de negócios de Finn desde a adolescência, quando ambos eram miúdos sem poder e sem respeito a crescer nas ruas de Londres, além de chefe de uma família de origem nigeriana, Ed Dumani (Lucian Msamati, de His Dark Materials); e Elliot Finch (Sope Dirisu, que, apesar de vários créditos na televisão britânica, é uma revelação), um excelente e brutal lutador apresentado como um pequeno mas muito forte criminoso da organização de Wallace que está a subir na carreira e a ajudar a família a descobrir o assassino. Apesar de morrer no início, Finn mantém-se uma personagem importante, alguém que aparece em flashbacks e influencia todo o resto da história.

A ideia não é propriamente nova. Uma crise de sucessão é algo bastante batido em ficção há vários séculos, quer seja no submundo do crime ou noutro tipo de universo. De O Padrinho, claramente uma referência nesta série em que um jovem herda um império criminoso, à mais recente Succession, uma premiada produção da HBO, a ficção audiovisual está cheia de histórias de gente poderosa a tentar preencher um lugar deixado vazio. Mas, como se poderia esperar de algo com o nome de Evans ao barulho, esta crise é aqui concretizada de uma forma extremamente violenta, com lutas cuidadosamente coreografadas e bem filmadas e doses generosas e brutais de sangue. É a acção que diferencia Gangs of London, mesmo quando a história lembra outras obras. Aqui as pessoas sofrem mesmo, quer as que atacam quer as que se defendem, com ossos partidos, mazelas para a vida, mortes grotescas. E é tudo feito sem o exagero cómico dos filmes de outro conhecido explorador do submundo britânico, o realizador Guy Ritchie.

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