Sociais-democratas lideram eleições romenas, mas liberais pró-europeus vão formar Governo

Partido do primeiro-ministro Ludovic Orban tem condições para formar uma coligação de centro-direita e vai ser convidado pelo Presidente do país a chefiar o próximo Governo. Objectivo é controlar o défice e promover uma reaproximação à União Europeia.

Foto
Ludovic Orban foi nomeado primeiro-ministro no final de 2019 Reuters/Inquam Photos

O Partido Social Democrata (PSD) da Roménia, afastado do poder há pouco mais de um ano após a queda da primeira-ministra Viorica Dancila, foi o mais votado nas eleições legislativas de domingo, com 30% dos votos. Apesar da vitória, é quase certo que os populistas eurocépticos vão manter-se na oposição, esperando-se que o Presidente do país, Klaus Iohannis, convide o actual primeiro-ministro, o liberal e europeísta Ludovic Orban, a formar Governo.

O Partido Nacional Liberal (PNL), de Orban, recebeu 25% dos votos e deve beneficiar de um entendimento com a coligação USR-Plus, também liberal e europeísta. Juntos, os dois partidos somam 42% quando estão contados mais de 90% dos votos, mas vão ser ainda beneficiados após a redistribuição dos lugares no Parlamento.

Se isso não for suficiente para garantir um Governo maioritário, Ludovic Orban terá de negociar com um terceiro partido, provavelmente o UMDR, da minoria húngara na Roménia. 

“É um resultado fraco para o Partido Nacional Liberal”, disse à agência Reuters Sergiu Miscoium, professor de Ciência Política na Universidade Babes-Bolyai. “Quantos mais partidos forem necessários para formar uma coligação, mais complicados serão os compromissos que terão de ser feitos.”

A afluência às urnas foi a mais baixa desde a revolução de 1989 que pôs fim ao domínio do Partido Comunista. Apenas um em cada três eleitores foi votar no domingo, com os receios das consequências da pandemia e o descontentamento com a instabilidade no país a serem essenciais para a elevada abstenção.

Para além de PSD, PNL, USR-Plus e UMDR, só mais um partido teve pelo menos 5% e já garantiu a presença no Parlamento romeno – os ultranacionalistas da AUR, apoiados pela Igreja Ortodoxa, tiveram 9% na sua primeira participação em legislativas.

Uma sexta formação, a dos democratas-cristãos do Partido do Movimento Popular (PMP), pode ainda entrar no Parlamento, estando à beira de o conseguir.

O Presidente romeno, Klaus Ihoannis, é um aliado dos liberais e é ele quem vai nomear o próximo primeiro-ministro. A sua decisão não é aguardada com grande expectativa, depois de ter afirmado, em várias ocasiões, que convidará Ludovic Orban a formar um Governo de coligação com o objectivo de controlar o rápido crescimento do défice e restaurar a confiança dos investidores estrangeiros.

No domingo, os líderes do PNL, da USR-Plus, do UMDR e do PMP fizeram saber que estão dispostos a coligar-se num Governo de centro-direita, ao mesmo tempo que afastaram qualquer hipótese de viabilizarem um Governo do PSD.

Um Governo liderado por Orban é visto com bons olhos em Bruxelas, ao fim de anos de governos do PSD marcados por medidas de supressão da independência dos tribunais, que os críticos comparam às decisões dos governos na Hungria e na Polónia.

O PNL de Ludovic Orban promete também uma reaproximação à maioria dos países da União Europeia nas políticas de contenção dos défices, depois de anos de uma acção governativa do PSD que os críticos acusam de se basear num populismo fiscal.

Sugerir correcção
Comentar