Líder da Zalando dá “prioridade à carreira da mulher” e demite-se

Gigante da moda online, com 38 milhões de clientes na Europa, perde um dos gestores de topo, que se retira aos 38 anos para se dedicar à família.

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Rubin Ritter (à esquerda) é um dos três administradores de topo da empresa fundada em 2008 na Alemanha Reuters/HANNIBAL HANSCHKE
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Rubin Ritter aguarda o nascimento de um segundo filho Reuters/HANNIBAL HANSCHKE

O maior retalhista online da Europa vai perder um dos seus líderes, que anunciou a demissão por razões familiares. Rubin Ritter, 38 anos, co-CEO da Zalando, deixa o cargo em 2021, ao fim de 11 anos com esta empresa fundada em Berlim, porque quer dedicar-se à família e “dar prioridade à carreira da mulher”.

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A Zalando tem 36 milhões de clientes online e uma facturação trimestral que ronda os 1850 milhões de euros. O site de moda tem 17 versões europeias, mas não inclui Portugal. Na noite de domingo, a empresa divulgou um texto em que dá conta da decisão de Rubin Ritter, que tem sido responsável pela estratégia e pela comunicação da Zalando.

“A minha decisão é resultado de muitos meses de cuidada ponderação. Após mais de 11 anos espantosos em que a Zalando foi a minha prioridade, sinto que é tempo de dar um novo rumo à minha vida. Quero dedicar mais tempo à minha família em expansão. A minha mulher e eu chegámos a acordo de que as ambições profissionais dela deverão ter prioridade nos próximos anos”, diz Ritter, citado no comunicado.

A Zalando foi fundada em 2008, por Robert Gentz e David Schneider, que se inspiraram na norte-americana Zappos, que revolucionou a venda de sapatos online a partir de 1999 (e cujo fundador, Tony Hsieh, morreu a 27 de Novembro, aos 46 anos, na sequência de um incêndio). Apesar de ser uma empresa alemã, cotada na bolsa de Frankfurt e aspirante a entrar no principal índice alemão DAX em 2021, o maior accionista é a empresa sueca Kinnevik, que detém 21%.

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Ritter (esq.), Robert Gentz e David Schneider: os dois últimos são os fundadores da Zalando

O contrato de Ritter, que espera o nascimento de um segundo filho, terminaria em 2023, mas o próprio vai agora negociar a saída, para “explorar novos interesses” daqui para a frente. “Foi uma dádiva e um privilégio fazer parte da Zalando e vai ser difícil deixar tudo para trás”, garante o gestor, que diz ter participado numa “admirável história de sucesso que ultrapassou os melhores sonhos”. 

“Deixarei o cargo numa altura em que a empresa continua a acelerar e mantém uma posição única. O papel da Zalando na economia digital da Europa vai continuar a evoluir e eu assegurarei que, nos meses que me restam, que continuemos a executar com rapidez a nossa estratégia”, descreve.

Os salários dos gestores da Zalando estão fortemente baseados em resultados. Tal prática tem distinguido esta empresa, que tem 14 mil trabalhadores e registou lucros de 100 milhões de euros em 2019. O facto de perder agora um gestor de topo com menos de 40 anos que troca a empresa pela família torna-a um caso ainda mais singular.

Cristina Stenbeck, presidente do conselho de supervisão da Zalando, lamenta a saída de Ritter, mas afirmou que a empresa “respeita totalmente as razões pessoais” invocadas. 

Nada é adiantado sobre a mulher de Ritter, quem é ou o que faz. Em Novembro, a Zalando publicou o primeiro relatório sobre inclusão e diversidade na empresa, um documento orientado pelo próprio Ritter. Nele, o gestor que está de saída, defende que diversidade e inclusão não são meras estratégias de negócio. São antes “a coisa certa a fazer”.

No mesmo documento, constata com desagrado que não há mulheres no órgão máximo da Zalando, que tem cinco executivos

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