Aprender servindo ou servir para aprender?

Não sei se servimos para aprender ou aprendemos porque servimos, mas sei que, servir é uma forma de crescimento como cidadão, profissional e acima de tudo, humano.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

São cada vez mais as universidades em Portugal que estão a usar a metodologia Aprendizagem-Serviço nas suas unidades curriculares ou extracurriculares. A Universidade Católica não é exceção. Esta metodologia tem por base a aprendizagem dos conceitos teóricos da disciplina num contexto de serviço social. O estudante desenvolve conhecimentos e competências através da vivência e intervenção numa organização, promovendo uma compreensão mais profunda do seu curso, da sua profissão e até mesmo da sua cidadania. Com várias reflexões e avaliações requeridas pela metodologia e envolvendo todos os participantes, é uma forma diferente de aprender e ensinar. Esta metodologia integra-se assim em linhas de inovação pedagógica e de responsabilidade social das Universidades, reforçando a sua vocação de intervenção na sociedade, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Quem tem esta metodologia a ver com o voluntariado? Tudo e nada. Tudo porque ambas são fonte de crescimento para os estudantes e reforça o papel das universidades na formação de cidadãos e profissionais comprometidos com o futuro, sensíveis aos problemas dos mais frágeis e capazes de liderar mudanças. Nada porque não é a mesma coisa. Apesar da enorme experiência de serviço que ambas proporcionam, o voluntariado universitário não está necessariamente ligado aos conteúdos curriculares nem à reflexão e avaliação profundas do serviço que é prestado.

Em 2002, na Universidade Católica, no Porto, surge a CASO-CAtólica SOlidária. Um grupo de estudantes com vontade de fazer e dar-se mais, começou um grupo de voluntariado. Nesse ano, foram nove os alunos interessados. Com o passar do tempo, foi crescendo, deixando de ser formado somente por alunos e a ser parte integrante da Universidade. No último ano, a CASO contou com 200 alunos que, semanalmente, dedicavam parte do seu dia ao voluntariado. Com idosos, crianças, pessoas com deficiência, sem-abrigo ou pessoas hospitalizadas, se falássemos com todos eles para pedir um testemunho sobre a experiência, tenho a certeza que haveria uma palavra comum a todos, o “crescimento”.

Quem já foi voluntário irá identificar-se com a seguinte frase “Recebi muito mais do que aquilo que dei”. Todos os voluntários, quando deparados com realidades diferentes das suas, crescem. Crescem em autoconhecimento, empatia, resiliência, maturidade e tantas outras competências, que não é através da teoria que irão aprender. E crescer, através das experiências de voluntariado, é cada vez mais uma realidade hoje em dia.

Hoje, dia 5 de dezembro, celebramos o Dia Internacional do Voluntariado. Um momento para celebrar todos aqueles que, seja através do voluntariado formal ou da metodologia Aprendizagem-Serviço, dedicam tempo ao outro. Não sei se servimos para aprender ou aprendemos porque servimos, mas sei que, servir é uma forma de crescimento como cidadão, profissional e acima de tudo, humano. Quer seja uma criança, jovem, adulto ou sénior, está mais do que a tempo de o fazer. Termino deixando um pequeno desafio. O fundador dos escuteiros, Baden-Powell dizia que “A melhor maneira para sermos felizes, é através da felicidade dos outros”, por isso, experimente! Garanto-lhe que não se vai arrepender!

Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico

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