Em De Norte a Sal, João Kopke conta a história das praias portuguesas

Surfista profissional há vários anos, João Kopke virou-se para a produção de séries sobre surf e turismo. Confinado ao território nacional, decidiu percorrer a costa portuguesa de bicicleta e descobrir as melhores praias para surfar.

Uma viagem "extremamente desorganizada". João Kopke partiu do Norte, das praias do distrito de Viana do Castelo, sentou-se numa bicicleta com um realizador e um amigo e foi assim que, confinado no país durante todo o Verão, o surfista encontrou uma forma de contar histórias sobre Portugal.

Surgiu assim De Norte A Sal, uma série de oito episódios, publicados semanalmente no YouTube, em que João Kopke, surfista profissional de 25 anos, conta histórias, conhece pessoas e, acima de tudo, salta para a prancha e sai para o mar. "De repente, ficamos encurralados: não há aviões, não há saídas, há fronteiras fechadas e uma incerteza muito grande em relação ao que se pode fazer, e eu sempre tive como objectivo transformar o meu Verão em algo memorável", contou o surfista ao P3.

A decisão de "aproveitar o Verão" de bicicleta também foi simples. O objectivo era ver pontos de uma perspectiva diferente e, "de carro, a paisagem passa super rápido"; já de bicicleta, "as coisas passam mais devagar e conseguimos aproveitar os detalhes todos". Mesmo partes da costa que já conhecia "um bocadinho", especialmente devido ao seu currículo no surf - quando corria por "campeonatos aqui" e "estágios ali", conhecer praias "era algo muito mais presente na vida" graças à competição -, desta vez, disse, conseguiu "aproveitar o país de uma maneira completamente nova".

A viagem foi feita em cima do joelho e à medida que ia pedalando. O documentário foi realizado com apoios de algumas câmaras municipais, que lhe ofereciam guarida, mas muitas vezes o pequeno grupo tinha de improvisar. "Nunca sabia o que ia acontecer dois dias antes de ir. Uma vez, estava a fechar parceiros em Vila do Bispo estando em Odemira, a um ou dois dias de viagem. Foi em geral um misto de tudo e mais alguma coisa. Dormimos entre tendas, entre casas de amigos, entre hotéis que as câmaras nos proporcionaram, na praia literalmente... Uma vez ficamos num chalet para dez pessoas com piscina interior, até convidamos as nossas namoradas para irem lá ter; e isso contrastou com dormir numa cama em cima de um carro."

É difícil escolher o sítio mais memorável de uma viagem que começou a 1 de Julho e durou cerca de 20 dias. Talvez por nunca ter passado muito tempo "com capacidade crítica de observar coisas diferentes", João Kopke aponta para a costa entre Viana do Castelo e a Galiza como o local que lhe despertou mais interesse. "Senti um microclima brutal, senti-me noutro país. Talvez por não conhecer e por ter sido onde a série começou, foi o que mais me marcou."