Os nossos álbuns de fotografias vão estar nas ruas do Seixal
A história vivida na primeira pessoa ao longo de quase um século para ver em fotos pelas ruas a partir de 5 de Dezembro. Do ciclone de 1941 ao nevão de 1954 e ao 25 de Abril, por entre casamentos, bailes e excursões, as sociedades filarmónicas e as festas populares e religiosas, as memórias de infância.
Foi animado o casamento de Maria da Conceição e Álvaro que terminou numa festa em família nas traseiras da Taberna Zé da Palmira — farta como o copo de água preparado pelo casal Rego nos antigos refeitórios da Fábrica Mundet. Mais gente, as ruas engalanadas, só nas festas de Monte Sião e no São Pedro, a benção dos barcos, a marcha das canas e os bailes que faziam transbordar o Largo da Igreja.
Está cumprido o objectivo do projecto Histórias & Memórias Fotográficas que aos poucos vai reunindo um conjunto de fotografias antigas recolhidas junto da comunidade e que contribuem para o resgate de muitas memórias colectivas relacionadas com o concelho do Seixal. Pretende-se “alargar o conhecimento sobre o património imaterial da região, da evolução urbana do território, das tradições, da cultura popular, das personalidades locais, das artes e ofícios, das instituições locais, do património e da geografia e história locais, entre outros aspectos”.
A iniciativa é da responsabilidade da Câmara Municipal e resulta de um trabalho que o Centro de Documentação e Informação do Ecomuseu tem vindo a desenvolver desde 2017 (integrado no programa Cultura para Todos).
Este consiste na documentação de fotografias antigas, posteriormente incorporadas no museu. E porque uma fotografia tem mais valor quando conhecemos a sua história, o projecto inclui uma vertente antropológica. As pessoas são incentivadas a deixarem o seu testemunho sobre as imagens que emprestam e desta forma a completarem a história das imagens cuja informação disponível era escassa.
Desta forma, dinamizou-se uma campanha de empréstimos de fotografias antigas para serem reproduzidas e posteriormente devolvidas aos seus proprietários.
Disponíveis para consulta estão dezenas de fotos que retratam os casamentos, os bailes e excursões, as sociedades filarmónicas, as festas populares e religiosas, as memórias de infância, o desporto e momentos como o 25 de Abril, o nevão do dia 2 de Fevereiro de 1954 — “um espectáculo que causou justificada admiração a toda a gente” — e até o ciclone de 1941.
Até agora, o projecto abrange apenas uma parte da população residente no Seixal, Aldeia de Paio Pires, Arrentela e Amora, mas espera-se que proximamente possa incluir fotografias e memórias de Corroios e Fernão Ferro, ficando incluído todo o território do concelho.
“Este é um projecto como o qual pretendemos manter vivas as memórias locais e fazê-las perdurar para que cheguem às gerações vindouras”, sublinha o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos.
A exposição de rua Histórias & Memórias Fotográficas vai ser inaugurada no sábado, 5 de Dezembro, na Praça da República, junto ao Monumento do Pescador, no Seixal. O projecto inclui ainda sessões de divulgação das fotografias recolhidas e tertúlias temáticas abertas à participação popular, inspiradas nos conteúdos fotográficos e nas memórias recolhidas ao longo do projecto em núcleos do museu, em centros de dia, em associações recreativas e nas juntas de freguesia do concelho.
Esta iniciativa vai promover a visita aos diferentes locais de instalação da exposição de rua, nomeadamente através de um circuito efectuado em autocarro municipal (sujeito a uma lotação restrita, de acordo com as normas de segurança da Direção-Geral da Saúde) que irá passar pelas freguesias onde está instalada a exposição: Arrentela (Avenida da República), Aldeia de Paio Pires (Jardim da Quinta do Mirante), Fernão Ferro (Mercado Municipal), Amora (Praça 5 de Outubro) e Corroios (Jardim da Quinta da Água).
Além disso encontram-se disponíveis, na página do município do Seixal, todas as fotografias emprestadas pelas pessoas que até agora têm colaborado no projecto, que prevê ainda a edição de um catálogo para 2021.
Para o desenvolvimento do projecto, a organização apela à “essencial” colaboração de todos. Se tem fotografias antigas em casa e se se recorda das histórias que elas contam, já sabe.
