Como de uma homenagem aos Beatles nasceu um disco de Natal

Já com três discos gravados em duo no projecto Mano a Mano, os irmãos André Santos e Bruno Santos lançam agora O Disco de Natal, só com guitarras e outros cordofones. Ao vivo no Funchal, esta quinta-feira, e dia 17 em Lisboa, no Teatro Villaret.

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Mano a Mano: André e Bruno Santos JOANA LINDA

Guitarristas imersos no jazz há anos, com carreiras firmadas a solo e em duo, no projecto Mano a Mano (com o qual já gravaram três disco, o mais recente em 2019), André Santos e Bruno Santos lançam agora O Disco de Natal, projecto que não nasceu por iniciativa sua mas por sugestão alheia, como conta agora ao PÚBLICO um dois irmãos, André Santos: “Isto, na verdade, foi uma ideia plantada na nossa cabeça por outra pessoa. Um amigo nosso, madeirense, o Dr. José Carlos Martins, um médico que é também baterista e tinha há uns anos uma banda famosa na Madeira, os Sweet Lovers, tinha planeado fazer este ano um concerto de homenagem aos Beatles, no Funchal, e queria que nós participássemos.”

O concerto acabaria por ser cancelado, devido à pandemia, mas num dos ensaios ele virou-se para os irmãos e disse-lhes: “Vocês já pensaram em fazer um disco de Natal com o vosso som? Acho que ficava a matar: cordofones, guitarras, há muitos discos de Natal, mas não com essa sonoridade.” André e Bruno ficaram a pensar naquilo, de início acharam que podia ser arriscado (“Há tantos discos de Natal!”) mas decidiram avançar. “Lançámos o desafio também ao Teatro Baltazar Dias, lá no Funchal, para fazer o concerto lá. De início era só um concerto, mas decidimos cristalizar isto também num CD. A Câmara do Funchal também entrou, e apoiou, e nós tivemos segurança de seguir em frente e trabalhar.”

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André e Bruno com as suas guitarras PAULO SEGADÃES

O disco acabou por antecipar-se ao concerto e será lançado na noite desta quinta-feira, no Funchal, no espectáculo marcado para o Teatro Baltazar Dias, às 21h, seguindo as regras ditadas pela pandemia. “Vamos tocar só para 50 pessoas, num lugar onde cabem 300 e tal. Já em Lisboa, no Teatro Villaret [onde o disco vai ser também apresentado ao vivo, no dia 17 de Setembro, às 20h30], teremos metade da lotação, que são umas 170 pessoas.”

Tradicionais e um blues

O disco reúne uma série de clássicos de Natal tocados no estilo que caracteriza o trabalho dos Mano a Mano, ou seja, numa sonoridade onde os tons do jazz dado pelas suas guitarras eléctricas se juntam ao de instrumentos tradicionais madeirenses (rajão e braguinha). São doze temas, a começar em Have yourself a merry little Christmas e a fechar com We wish you a merry Christmas, tendo pelo meio rapsódias (I’ll be home for Christmas com The Christmas song; Away in a manger com Deck the halls e O little town of Bethlehem; e Silent night com o tema tradicional madeirense Virgem do parto) e temas avulsos, como Santa Claus is coming to town, This Christmas, Jingle bells, Rockin around the Christmas tree e The Christmas waltz, além de um original composto por André e Bruno, intitulado Blues para o Pai Natal. “O Have yourself a merry little Christmas foi uma sugestão minha”, diz André. “É uma melodia que eu adoro e quis fazer um arranjo especial. Foi sempre assim: pegar numa melodia que nos toca e depois tentarmos ver o que podíamos fazer com ela. E acabámos por não riscar nenhum tema da nossa lista, todos aqueles a que nos propusemos estão no disco. Gostámos dos arranjos e decidimos incluí-los todos.”

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A capa do disco CARLA CABRAL E GITO LIMA

Quanto a Blues para o Pai Natal, não é, na verdade, o único original incluído no disco. Há outro, “escondido” num clássico natalício: “No We wish you a merry Christmas, eu peguei nos acordes, fiz uma variação sobre o tema e criei uma melodia nova, misturando-as.”

Apesar da pandemia e das incertezas quanto ao futuro, o destino de O Disco de Natal não se esgota aqui. “Neste Natal é difícil andarmos por aí a tocar, mas a ideia é voltarmos a tocar este disco quando esta altura natalícia chega, eventualmente incluir mais arranjos. Até estávamos a pensar fazer mais tarde uma reedição em vinil, que é um formato de que nós gostamos muito. Estamos muito satisfeitos com a capa, feita por uma ilustradora madeirense, a Carla Cabral. Ela foi minha professora de educação visual há anos, e é uma grande ilustradora. Hoje somos amigos, desafiei-a a fazer a ilustração deste disco e ela convidou um amigo que é o Gito Lima, designer que já fez muitas capas de discos (para os Dead Combo e outros), trabalharam em parceria e saiu essa coisa maravilhosa!”

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