Covid-19: freguesia de Rabo de Peixe, nos Açores, com cerca sanitária até 8 de Dezembro

Médico responsável pelo combate à pandemia nos Açores tinha confirmado esta terça-feira ao PÚBLICO que defendera, junto do governo regional, a implementação da cerca sanitária.

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RUI PEDRO SOARES

A freguesia de Rabo de Peixe, nos Açores, vai estar sob uma cerca sanitária a partir das 00h do próximo dia 3 até às 23h59 de 8 de Dezembro. A medida foi anunciada pelo governo regional ao final do dia desta terça-feira, mediante a indicação de Gustavo Tato Borges, responsável pela luta contra a pandemia na região, conforme o PÚBLICO tinha avançado.

“O governo dos Açores estabelece, em articulação com o senhor presidente da câmara da Ribeira Grande e com o senhor presidente da junta de freguesia de Rabo de Peixe, uma cerca sanitária na freguesia de Rabo de Peixe, do concelho da Ribeira Grande”, lê-se no comunicado de imprensa enviado pelo executivo açoriano.

Com 64 casos, Rabo de Peixe é a freguesia com mais casos de infecção nos Açores. Isolada a freguesia, as autoridades de saúde irão “proceder à realização de testes rápidos à população”, acrescenta o governo regional, que esclarece ainda que “fica proibida a circulação e permanência de pessoas na via pública”, a não ser para passeios higiénicos ou para passear o animal. Na freguesia, serão encerrados todos os estabelecimentos de ensino e os restaurantes e similares funcionarão até às 20h mediante um terço de lotação.

O presidente da câmara municipal da Ribeira Grande concorda com a medida. “É uma medida que julgo infelizmente ser necessária nesta fase para conter na medida do possível esse contágio”, afirma Alexandre Gaudêncio ao PÚBLICO, realçando que, perante os números, “não havia alternativa”. O autarca, antigo presidente do PSD-Açores, destaca o “papel importante do município” na implementação das cercas, que vai “começar a trabalhar no imediato” para assegurar a vertente logística e garantir que estas vigorem no “mais curto espaço de tempo possível. “Ninguém gosta de ter uma cerca na sua localidade, mas creio que rapidamente essa cerca será desmontada, atendendo que se trata de uma cerca para testar em massa a população”.

No anúncio, o Governo Regional prevê as excepções, ou seja, aqueles que poderão entrar e sair da freguesia. É o caso das deslocações para a prestação de cuidados de saúde, para a assistência de idosos ou menores, de profissionais de saúde e forças de seguranças, de jornalistas em funções e para o abastecimento de bens essenciais.

Numa vila piscatória, mesmo sob cerca sanitária, o executivo açoriano permite o “exercício de actividades do sector da pesca, desde que não acedam a qualquer outro porto da região”.

Esta terça-feira, o médico Gustavo Tato Borges, que lidera a comissão de acompanhamento da luta contra a pandemia de covid-19 nos Açores, disse ao PÚBLICO que sugeriu ao governo açoriano a implementação de uma cerca sanitária em Rabo de Peixe, seguida de testes aos cerca de nove mil habitantes daquela vila.

“Essa foi a proposta feita para o conselho de governo poder deliberar e tomar essa posição. É uma cerca sanitária temporária, com o principal objectivo de poder fazer rapidamente uma testagem a todos os residentes”, afirmou o médico, considerando Rabo de Peixe a “situação mais difícil da região” quanto ao controlo da pandemia.

A medida significa, assim, o regresso das cercas sanitárias à ilha que teve os seis concelhos isolados durante o mês de Abril. A última cerca a cair foi a do concelho de Nordeste, a 18 de Maio – era então a única cerca do país. Neste momento, existem 421 casos positivos nos Açores: um na ilha de Santa Maria, 296 em São Miguel, 117 na Terceira, um na ilha de São Jorge, dois na ilha do Pico, três na ilha do Faial e dois nas Flores.

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