A deriva

Quem quer preservar a democracia deveria começar a discutir já em que se transformará ela uma vez passada a pandemia.

“Estivemos aqui a exercer direitos democráticos que durante 48 anos de ditadura fascista foram proibidos e que, conquistados com Abril, acabaram por ser consagrados na Constituição”, disse Jerónimo de Sousa no Congresso do PCP. Que um dirigente político, exercendo a sua cidadania democrática e dois dos direitos essenciais de toda a democracia (o de reunião e o de associação), tenha de recordar uma coisa tão básica em Portugal é sinal de onde está a chegar a perversão autoritária. Continuar a prescrever-se a suspensão de direitos democráticos em nome da pandemia é não só revelador da persistência da distopia moral que elogia o medo como critério de ação e de vida ("Não tenha medo de ter medo”, escrevia-se há meses num outdoor da Câmara de Cascais), como revela bem onde chegou esta campanha de desafeição pela liberdade e pela democracia.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 4 comentários