Soldados australianos no Afeganistão bebiam por prótese de taliban morto

Fotografias publicadas pelo Guardian adensam o escândalo sobre o comportamento das forças especiais australianas no Afeganistão, depois de um relatório que expôs actos que podem configurar crimes de guerra.

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Soldados de elite australianos mataram 39 civis no Afeganistão Reuters

O jornal britânico The Guardian publicou nesta terça-feira fotografias que mostram altas patentes das forças especiais australianas a beber cerveja de uma prótese de perna tirada a um tabilan morto no Afeganistão em 2009. As imagens adensam o escândalo aberto com a publicação de um relatório, em meados de Novembro, que concluiu que estas tropas mataram 39 civis que não representavam qualquer perigo e que podem ter sido cometidos “crimes de guerra”.

O relatório Brereton resultou de uma investigação à actuação das forças especiais australianas no Afeganistão depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, e diz que os crimes foram cometidos e encobertos por comandantes de patrulha, normalmente sargentos ou cabos, sem o conhecimento das chefias. Descreve “casos em que os novos membros da patrulha foram forçados a disparar sobre um prisioneiro para levar a cabo o seu primeiro homicídio” ou usando-os para fazer “tiro ao alvo”.

Na sequência da divulgação do relatório, pelo menos dez membros das forças de elite receberam “avisos de provável despedimento”, prevendo-se que venham a ser expulsos.

O Guardian diz que o militar que se vê a beber pela prótese ainda está no activo.

Este relatório não menciona o uso de próteses de taliban mortos em combate para beber, uma prática comum nas forças especiais australianas, apesar de estarem proibidas de levar estes objectos com eles do campo de batalha – assim como quaisquer outros que possam ser considerados troféus de guerra.

As fotografias divulgadas pelo Guardian mostram que chefes de pelotão beberam cerveja pela prótese no bar Fat Lady's Arms, dentro da base desta tropa de elite em Tarin Kowt, a capital da província afegã de Uruzgan. Noutra fotografia dois soldados parecem dançar com a perna, diz o jornal, referindo que esta é a primeira prova visual a confirmar uma prática de que há muito se falava.

Alguns soldados disseram ao jornal britânico que a prática era tolerada pelas chefias. Criticaram a onda de choque provocada pelo relatório Brereton porque, disseram, os oficiais sempre souberam tudo o que se passava

A perna vista nas fotografias pertenceu a um homem suspeito de ser taliban que foi morto em Abril de 2009. Fontes do jornal disseram que a perna foi fixada a uma placa de madeira com as palavras Das Boot (a bota, em alemão) e uma cruz nazi. E que viajava com o pelotão para onde este fosse e lá instalasse o Fat Lady's Arms.

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