Intercidades vai ligar Lisboa a Valença do Minho em 2021

Electrificação da linha do Minho vai permitir a realização da segunda viagem de comboio mais comprida do país. Carruagens espanholas vão fazer serviço regional.

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Rui Gaudêncio

O Intercidades que actualmente liga Santa Apolónia a Viana do Castelo, numa distância de 417 quilómetros, é já a segunda viagem mais comprida de comboio em Portugal. Mas o seu prolongamento a Valença, no primeiro trimestre de 2021, aumentará o percurso para 446 quilómetros. Um valor que, ainda assim, fica longe dos 632 quilómetros da mais longa viagem sobre carris em Portugal, realizada diariamente pelo Alfa Pendular entre Porto e Faro.

O Intercidades a chegar à fronteira com a Galiza só vai ser possível depois da electrificação do troço Viana do Castelo – Valença, cujas obras deverão estar concluídas no final deste ano. Segue-se nos primeiros meses de 2021 a fase de ensaios, certificações e viagens de formação de maquinistas para que em Março todos os comboios possam operar com tracção eléctrica naquela linha.

Nessa altura a geografia ferroviária do Minho vai mudar radicalmente. Em substituição das automotoras a diesel que a CP tem alugadas à Renfe, vão estrear-se as primeiras carruagens Arco compradas em Espanha, rebocadas por locomotivas da série 2600 que estavam encostadas no Entroncamento e que no ano passado a transportadora pública decidiu recuperar.

Segundo fonte oficial da CP, as primeiras três carruagens estarão prontas a circular até ao final de Janeiro, prevendo-se mais três no final de Março.

A empresa diz ainda que só 36 das 50 carruagens espanholas continham amianto, tendo a operação de remoção daquele produto sido concluída no início desta semana, antes da data prevista, que era a primeira semana de Dezembro.

Neste momento está em curso a reparação, remodelação de interiores e pintura, devendo as 36 Arco ficar totalmente disponíveis no final de 2022.

Para rebocar estas carruagens, a CP diz que “das sete locomotivas [série 2600] necessárias para a operação na Linha do Minho, quatro estão prontas e três estão na fase final de recuperação, estando a ser já utilizadas para movimentação de material e marchas de ensaio”. Quanto às restantes 14 locomotivas que ainda falta reabilitar, está previsto que saiam da oficina cinco por ano em 2020 e 2021 e quatro em 2023.

As “novas” locomotivas e carruagens, à medida que forem saindo das oficinas de Guifões e Contumil, irão ser alocadas a várias linhas do país à medida que o programa de investimentos Ferrovia 2020 for sendo concluído e mais vias férreas fiquem electrificadas.

No Minho apenas o comboio Celta, entre Porto e Vigo, continuará a ser feito com material diesel.  

Quando ao número de circulações entre o Porto e Valença, este não se irá alterar, esperando a empresa manter basicamente a mesma frequência de comboios regionais e inter-regionais entre as duas cidades.

Já sobre a redução do tempo de viagem que a electrificação vai proporcionar, fonte oficial da empresa diz que “a CP aguarda informação da IP relativamente às condições operacionais, nomeadamente, a optimização de tempos de percurso, em sequência das obras ainda em curso”.

Esses tempos, porém, não deverão ser muito mais curtos. Por duas razões: a modernização não previu intervenções no traçado por forma a aumentar a velocidade dos comboios e também não contemplou ainda a instalação de sinalização electrónica.

Isto significa que a exploração vai continuar a ser feita por cantonamento telefónico, em que o chefe de estação pede por telefone à estação seguinte a autorização para o comboio avançar, processando-se os cruzamentos de forma morosa porque totalmente dependentes de meios humanos.

As viagens de comboio mais compridas de Portugal

O Alfa Pendular que percorre 632 quilómetros entre o Porto e Faro é o comboio que faz o trajecto mais longo nos carris portugueses. Segue-se o Intercidades entre Lisboa e Viana do Castelo (417 quilómetros) e o seu homólogo que liga Santa Apolónia a Guimarães (391 quilómetros) e que está praticamente empatado com as ligações de Lisboa a Braga (389 quilómetros) e à Guarda (387 quilómetros).

Os comboios que ligam Lisboa ao Porto percorrem 336 quilómetros, seguindo-se os Alfas e Intercidades do Oriente a Faro, que viajam 302 quilómetros, praticamente o mesmo que o Intercidades para a Covilhã.

O Intercidades com trajecto mais curto é o de Évora que dista 148 quilómetros da gare do Oriente. Mas há um Inter-regional que faz um percurso mais comprido: o Porto – Pocinho, na linha do Douro, que percorre 175 quilómetros.

No serviço regional há uma discreta automotora a diesel (a mais velha da frota da CP) que diariamente liga o Entroncamento a Badajoz ao longo de 175 quilómetros.

No extremo oposto, a viagem comercial de um comboio de passageiros mais curta em Portugal é a que liga Coimbra B a Coimbra A. Estes comboios percorrem 1,7 quilómetros e deverão acabar quando a “estação velha” for desafectada no âmbito do projecto do Metrobus. Quando isso acontecer, os comboios com a viagem mais curta nos carris portugueses serão os que circulam entre Oeiras e Cais do Sodré (16 quilómetros) e os regionais entre Lagos e Portimão (17 quilómetros).

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