“Hoje podemos estar uma vida inteira a ver cinema, televisão ou um ecrã e morrer sem ter entrado na vida”. Doze frases de Eduardo Lourenço

O ensaísta, de 97 anos, morreu hoje em Lisboa.

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Nuno Ferreira Santos

“Nunca sabemos o que verdadeiramente nos move. Gostava de acabar os dias reconciliado com o mundo, e sobretudo saber que mundo foi este em que vivi e o que é a vida. Sei disso tanto agora que tenho quase cem anos como quando tinha dois anos.” Julho de 2017  (entrevista ao PÚBLICO)

“Tudo me parece mais enigmático do que aquilo que eu pudesse sonhar que fosse. Estamos confrontados com qualquer coisa para a qual não há espécie nenhuma de resposta, ou se há é de uma outra natureza que as pessoas têm pudor de confessar, aquilo que não pode ser dito.” Julho de 2017  (entrevista ao PÚBLICO)

“O religioso é onde tudo se desenha, mesmo quando não sabemos. Isso que nos está falando sem nos falar.” Julho de 2017  (entrevista ao PÚBLICO)

“Hoje podemos estar uma vida inteira a ver cinema, televisão ou um ecrã e morrer sem ter entrado na vida.” Julho de 2017  (entrevista ao PÚBLICO)

“O homem é, por essência, alguém que vive dos sonhos maiores do que ele.” Julho de 2017  (entrevista ao PÚBLICO)

“Um barco naufragado chamado Europa e mais do que nunca depois desta guerra do Iraque.” Maio de 2003  (entrevista ao PÚBLICO)

“No livro a gente pode voltar atrás, andar para frente. Também podemos fazer isso com a imagem, provavelmente, mas há sobretudo esse tempo que é transportado fisicamente pelo livro. Esse pó que fica nos livros. O pó do tempo. Nos novos instrumentos não haverá pó. É só o que lhes falta. Esse pó quer dizer o tempo, quer dizer a própria essência da nossa vida.” Setembro de 2008  (entrevista à revista Ler)

“Porque se há alguma coisa que posso dizer de mim é que eu nasci nos livros e nunca saí dos livros.” Setembro de 2008  (entrevista à revista Ler)

“O homem é um ser ficcionante. Independentemente do que seja o objecto dessa ficção. Nós estamos sempre ficcionando. A nossa relação com o real é uma relação imaginária.” Setembro de 2008  (entrevista à revista Ler)

“As pessoas não se queixam tanto do que se escreve sobre elas. Do que as pessoas se queixam é do que, sobre elas, a gente não escreveu.” Setembro de 2008  (entrevista à revista Ler)

“Eu próprio sinto que estou em dívida. Estou em dívida para com a humanidade inteira, de qualquer modo.” Setembro de 2008  (entrevista à revista Ler)

“A tragédia já é, em si, nós não podermos escapar àquilo que nos espera, seria uma injustiça para todas as outras pessoas, que eram os nossos e que já morreram, que nós não fossemos capazes de suportar aquilo que eles suportaram quando chegou o fim deles”. “É ir para a morte como se todos aqueles que nos conheceram e nós amámos estivessem connosco”. Entrevista à agência Lusa, quando fez 95 anos

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