Trump vai incluir maior produtora de chips da China na “lista negra” dos EUA

Além da SMIC, a petrolífera CNOOC deve ser também posta na lista de empresas com ligações ao Exército chinês. A Administração Trump não quer capital a ajudar a modernizar a tecnologia militar de Pequim.

Foto
SMIC garante que não tem qualquer ligação com o Exército chinês ALY SONG/Reuters

A Administração Trump prepara-se para adicionar a principal fabricante de chips na China e uma petrolífera estatal chinesa à sua “lista negra”, uma medida que vai restringir o investimento de empresários norte-americanos nestas empresas e que promete aumentar a tensão com Pequim a poucas semanas de o Presidente eleito, Joe Biden, tomar posse.

De acordo com a Reuters, que avançou a notícia nesta segunda-feira, citando três fontes sob anonimato e documentos a que teve acesso, a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), maior produtora de chips na China, e a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), produtora de petróleo e gás, vão ser classificadas pelo Departamento de Defesa como empresas com ligação ou controladas pelo Exército chinês.

Recentemente, o Presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que proíbe os norte-americanos de investirem ou negociarem com empresas que integrem esta lista negra, dizendo que o Partido Comunista Chinês está a “explorar o capital dos Estados Unidos para obter recursos e modernizar os seus equipamentos militares”, pondo em causa a segurança nacional.

Em Setembro, a SMIC já tinha sido alvo de restrições por parte dos Estados Unidos, com as autoridades norte-americanas a passarem a exigir uma licença aos fornecedores que queiram trabalhar com a empresa chinesa, no que é encarado como uma tentativa de Washington aumentar a pressão sobre a Huawei.

Acresce que a SMIC depende bastante dos fornecedores norte-americanos para produzir os seus materiais, sendo ainda incerto o impacte que a provável inclusão na “lista negra” terá na empresa.

Em declarações à Reuters, a SMIC referiu que continua o diálogo “construtivo” com o Governo norte-americano e negou qualquer ligação com o Exército chinês, garantindo que os seus produtos e serviços destinam-se apenas a fins comerciais e civis.

No entanto, assim que foi noticiado que a maior produtora de chips da China está prestes a juntar-se à “lista negra” dos Estados Unidos, as acções da SMIC em bolsa caíram 2,7%, enquanto as da CNOOC  - que não comentou a notícia - caíram 13,9%.

Para já, ainda não há data para que as duas empresas chinesas sejam alvo de sanções. Contudo, escreve a Reuters, o número de empresas a integrar a “lista negra” deverá continuar a aumentar.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, disse que espera que os Estados Unidos não criem mais obstáculos à cooperação entre os dois países, numa altura em que Pequim e Washington travam uma guerra comercial, que se tem vindo a aprofundar no último ano.

Além disso, Estados Unidos e China têm trocado acusações frequentes sobre a situação em Hong Kong - onde foi imposta uma lei de segurança nacional no final de Junho que tem sido apontada pela oposição como uma forma de silenciar vozes dissidentes na região - e também sobre a gestão da pandemia de covid-19, que Donald Trump considera ser culpa da China.

No próximo dia 20 de Janeiro, Joe Biden toma posse como Presidente dos Estados Unidos, dando início a uma reorientação da política externa norte-americana, o que tem levado a várias iniciativas diplomáticas por parte da China, antevendo-se que, mesmo com uma Administração democrata, a tensão entre Washington e Pequim vai continuar elevada.

Sugerir correcção
Ler 15 comentários