ONU acredita que é possível uma nova Constituição na Síria em 2021

Comissão constitucional retoma negociações na segunda-feira. Desconfiança entre representantes do Governo e da oposição síria é o grande obstáculo.

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Geir Pedersen, enviado especial das Nações Unidas para a Síria MARTIAL TREZZINI/EPA

O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir Pedersen, expressou este domingo a sua esperança de que a quarta ronda de negociações entre o Governo e a oposição do país pode culminar na redacção de uma nova Constituição, de consenso.

“Continuamos com a mesma agenda que tínhamos na reunião anterior, que tem como objectivo chegar a alguns princípios antes do final do ano e a algumas bases para a Constituição em Janeiro de 2021”, disse o mediador da ONU em conferência de imprensa.

A comissão constitucional é composta por 45 pessoas – incluindo delegados do regime de Bashar al-Assad, da oposição e da sociedade civil síria – e irá reunir-se a partir de segunda-feira, para continuar a discutir alterações à Constituição de 2012. 

O diplomata norueguês encontra-se este domingo com os três grupos de negociações e destacou o seu optimismo em relação aos encontros da próxima semana.

Antes desta nova ronda, como as anteriores realizadas em Genebra, Pedersen manteve uma intensa agenda diplomática, tendo-se reunido com autoridades da Turquia, da Rússia, do Egipto, do Irão, da Arábia Saudita e da Liga Árabe, em busca de apoio internacional para as negociações.

“A Constituição deve ser decidida pelos próprios sírios, mas com claro apoio internacional, e fiquei satisfeito por ver o que foi isso que me transmitiram”, afirmou Pedersen, referindo-se às reuniões no Cairo, em Moscovo, em Ancara, em Riade e em Teerão.

O enviado da ONU reconheceu que ainda existem muitos obstáculos nas negociações, num momento em que sectores da oposição síria vêem este diálogo constitucional como uma estratégia de Assad para ganhar tempo e aumentar o controlo militar do território.

As negociações têm sido dificultadas pela persistente desconfiança entre o Governo e a oposição – na segunda ronda não houve sequer encontros directos entre os dois – e pela pandemia, que interrompeu a terceiro ronda, em Agosto, depois de quatro resultados positivos de covid-19 terem sido detectados entre os negociadores.

“Sabíamos desde o início que avançar para um processo constitucional seria difícil. Ao fim de quase dez anos de conflito há profundas suspeitas entre as partes e entendemos que levará tempo para superá-las. Mas espero que tenhamos começado a construir alguma confiança”, disse o Pederson aos jornalistas.

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