Documentário sobre projeto do coreógrafo João Fiadeiro encerra festival Temps d’Images

Intitulado Nada pode ficar, o documentário de Maria João Guardão acompanha a desocupação da sede do atelier RE.AL, que completaria nesta data 30 anos de existência e é exibido na segunda-feira, no Cinema Ideal, em Lisboa.

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"Nada Pode Ficar", de Maria João Guardão Maria João Guardão

 A estreia do documentário sobre a desocupação do atelier RE.AL, do coreógrafo João Fiadeiro, que fechou portas em 2019, em Lisboa, vai assinalar o encerramento da 18.ª edição do festival Temps d'Images, a decorrer desde Outubro.

Intitulado Nada pode ficar, o documentário de Maria João Guardão acompanha a desocupação do n.º 55 da Rua Poço dos Negros, sede do atelier RE.AL, que completaria nesta data 30 anos de existência, será exibido na segunda-feira, no Cinema Ideal, em Lisboa, a partir das 12h.

O coreógrafo e bailarino foi forçado, por falta de apoios, a deixar a casa que ocupou durante 15 anos no coração de Lisboa, tendo decidido, na altura, não replicar a estrutura num qualquer outro lugar e, “para dar sentido pleno a este fim, desenhou um modo de desocupação”, segundo a sinopse do filme.

O documentário de Maria João Guardão, realizado em colaboração com António Alvarenga e João Nunes, a partir de uma ideia do próprio coreógrafo, “instala-se nessa possibilidade de criar futuro a partir da interrupção, e a sua principal matéria-prima é esse intenso último tempo”, acrescenta.

O encerramento do projecto foi marcado pelo evento intitulado “Des/Ocupação”, com cerca de 30 artistas que participaram na história do atelier, convidados a fazer performances e conversas sobre a área da dança.

Nome de relevo dentro do movimento de renovação da dança contemporânea portuguesa, João Fiadeiro, nascido em 1965, fundou a companhia RE.AL em 1990 que, ao longo de quase 30 anos de trabalho na investigação, interpretação e criação artística, teve várias casas.

A 18.ª edição do Temps d’ Images 2020 teve início a 9 de Outubro e apresentou um total de 12 obras entre a dança, o teatro, a performance e o documentário.

A programação, que também incluiu quatro primeiras apresentações em Lisboa, tinha sido inicialmente pensada para dois momentos, em épocas diferentes, mas a primeira, prevista para decorrer entre Maio e Junho deste ano, foi cancelada devido à pandemia da covid-19.

Este Momento II do Temps d"Images 2020 (TdI) - que abriu com a obra Anesthetize, da coreógrafa Maurícia Neves - juntou artistas e público em diferentes espaços da capital, e alargou a sua rede de parceiros, apresentando ainda uma peça online.

André Loubet, João Estima, Rita Delgado, o Coletivo Outro, Alexandre Pieroni Calado, Paula Garcia, Tiago Cadete e Gustavo Sumpta foram alguns dos criadores que apresentaram espectáculos nesta edição do festival, com direcção artística de Mariana Brandão.

Desde a sua criação, em 2003, e ao longo de 17 edições, passaram pelo Temps d'Images - que cruza várias artes e começou como uma rede europeia de programação - 342 peças de autores nacionais e internacionais, de diversos formatos e géneros, incluindo a performance, teatro, instalação, cinema, dança, fotografia e música.

O Temps d' Images é uma produção DuplaCena/Horta Seca, financiada pela Direcção-Geral das Artes e a Câmara Municipal de Lisboa.

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