Covid-19: países preparam-se para começar a vacinar populações já em Dezembro

Estratégias provisórias variam de país para país, mas a prioridade será dada aos grupos mais vulneráveis, aos profissionais de saúde e aos residentes em lares de idosos. Para já, governos têm anunciado vacinas gratuitas e não obrigatórias.

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Primeiras doses da vacina contra o coronavírus poderão começar a ser administradas nas próximas semanas DADO RUVIC/Reuters

Assim que receberem as autorizações das agências de medicamentos, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos garantem estar a postos para começar a vacinar a população, ainda antes do Natal. Espanha já tem tudo praticamente preparado, mas apenas prevê começar a inoculação em Janeiro. França revela o plano na próxima semana, mas admite que possa começar antes do final de 2020.

As propostas quanto aos grupos prioritários a vacinar são provisórias e dependem da vacina experimental que vier a ter luz verde das agências de medicamentos, mediante a eficácia e segurança para cada um dos grupos. 

Alemanha

Juntamente com Espanha, a Alemanha foi o primeiro país da União Europeia a definir o plano para a vacinação contra a covid-19. Enquanto aguarda pela aprovação das agências europeias, o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, deu ordens a cada estado para que os centros de vacinação do país estejam a postos em meados de Dezembro.

Em Berlim, um salão de feiras, dois terminais de aeroportos, uma pista de gelo, uma arena de concertos e um velódromo vão ser transformados em grandes centros de vacinação, operacionais já em Dezembro, onde serão vacinadas quatro mil pessoas por dia – cerca de 900 mil nos primeiros três meses. Perto de 80% das primeiras doses virão da Pfizer/BioNTech, e os restantes 20% da AstraZeneca.

A Alemanha garantiu 300 milhões de vacinas, sendo que cada pessoa necessita de duas doses – o país tem uma população superior a 83 milhões. A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu que as primeiras vacinas possam começar a ser administradas antes do Natal e revelou que os profissionais de saúde serão os primeiros a serem vacinados, seguindo-se os grupos de risco, com base em factores como a idade ou outras comorbilidades.

O Conselho de Ética alemão, a Academia de Ciências Leopoldina e a Comissão Permanente de Vacinação do Instituto de Saúde Pública Robert Koch, convidados pelo Governo alemão para emitirem linhas de orientação, consideraram que a prioridade deve ser dada prioridade aos idosos, doentes com comorbilidades mais expostos à covid-19, profissionais de saúde e profissões essenciais, como professores, bombeiros ou forças de segurança, não estando ainda definida a ordem da prioridade a dar cada um dos grupos. O Governo espera que até final de 2021 a grande maioria da população já tenha sido vacinada.

Espanha

As autoridades espanholas prevêem que a vacinação comece em Janeiro do próximo ano, dando início à primeira de três etapas definidas pelo Governo, que dividiu a população em 15 grupos. Na primeira fase, estabelecida para os três primeiros meses do ano, terão prioridade os residentes e funcionários dos lares de idosos, os profissionais de saúde e os doentes graves – no total, espera-se que sejam abrangidas 2,5 milhões de pessoas.

Os restantes 11 grupos incluem, entre outros, as pessoas com mais de 64 anos, os doentes com comorbilidades (como obesidade ou diabetes), as populações vulneráveis devido à situação socioeconómica, os professores, trabalhadores essenciais, grávidas ou crianças, e serão vacinadas nas duas fases seguintes, cada uma delas com uma duração prevista para três meses. A ordem para a vacinação de cada um destes grupos ainda não está definida, dependendo das características (segurança e eficácia) e quantidades das vacinas disponíveis.

A vacina será gratuita e voluntária e será distribuída, pelo menos numa fase inicial, nos 13 mil centros de vacinação estabelecidos pelo Governo. Espanha tem contratos com seis farmacêuticas e espera ter pelo menos 140 milhões de doses da vacina, o que permite a inoculação de cerca de 80 milhões de pessoas, quase o dobro da população espanhola (47 milhões).

França

O Governo francês vai apresentar o seu programa de vacinação na próxima semana, no entanto, tanto o primeiro-ministro Jean Castex como o Presidente Emmanuel Macron admitem que a vacina possa começar a ser administrada antes do final do ano. Para já, sabe-se apenas que a prioridade será dada às populações mais vulneráveis, nomeadamente os idosos, e aos profissionais de saúde, estando a decorrer um processo de consulta pública, até 30 de Novembro, para especificar os grupos prioritários. 

O executivo francês já encomendou 90 milhões de doses e, segundo a Reuters, espera garantir mais de 295 milhões, tendo em vista a vacinação a maioria dos 67 milhões franceses. Uma equipa coordenada pelo Governo está a montar toda a logística para a rápida distribuição da vacina, que deverá ser administrada nos hospitais, centros de saúde, clínicas e “centros covid-19”, de acordo com o Ministério da Saúde. O Exército, tal como está previsto noutros países, deverá ajudar na distribuição.

Emmanuel Macron prometeu “transparência” numa vacina que será gratuita mas não obrigatória para a população, uma variável importante tendo em conta que apenas 59% dos franceses dizem querer ser vacinados (nos Estados Unidos são 67% e no Reino Unido 85%), segundo uma sondagem da Ipsos. 

Reino Unido

Depois da apresentação dos resultados da vacina da Universidade de Oxford e da AstraZeneca, com uma eficácia média de 70%, o Governo britânico já admite voltar à normalidade na Páscoa e espera começar a vacinar a sua população antes do Natal, assim que tiver luz verde da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos Médicos. O Governo britânico encomendou mais de 355 milhões de doses de vacinas de sete produtores diferentes, com o objectivo de garantir a vacinação da maioria dos 67 milhões de britânicos o mais rapidamente possível.

No final de Setembro, o Comité Conjunto de Vacinação e Imunização (JCVI, na sigla em inglês) emitiu um parecer sobre os grupos prioritários a vacinar. A confirmar-se a sua aplicação, a prioridade deverá ser dada aos profissionais de saúde e aos residentes de lares, aos idosos com mais de 80 anos e a população com mais de 65 anos com patologias. Seguem-se os cidadãos saudáveis entre os 50 e os 65 anos e, por fim, o resto da população. 

De acordo com a AP, a maioria das vacinas será administrada nos mais de mil centros de vacinação, mas está prevista a criação de 40 a 50 centros de “vacinação em larga escala”, incluindo estádios, centros de conferências e outros espaços de grande dimensão. A vacina será gratuita, não obrigatória e gratuita através do Serviço Nacional de Saúde britânico.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, as autoridades sanitárias admitem que a vacinação das primeiras camadas da população possa começar já no próximo dia 11 de Dezembro – na véspera, um comité consultivo da Agência de Medicamentos dos Estados Unidos reúne-se para discutir o pedido de autorização de emergência feito pela Pfizer. A confirmar-se a aprovação, segundo o The Washington Post, o Governo federal prevê distribuir mais de 6.4 milhões de doses da vacina de imediato, apesar de o processo logístico poder demorar mais alguns dias até ser aprovado. 

Até Janeiro, o Governo espera ainda ter a vacina da Moderna disponível, o que irá permitir vacinar 20 milhões de pessoas até final do ano, sendo expectável que a vacina chegue à população em geral em Abril. A partir de Janeiro, é expectável que sejam vacinadas entre 25 a 30 milhões de pessoas por mês e Moncef Slaoui, responsável da operação “Warp Speed” – o programa de vacinação da da Administração Trump – espera que os EUA atinjam a imunidade colectiva em Maio.

As primeiras doses da vacina, que será gratuita, serão distribuídas pelos vários estados, tendo as autoridades estaduais o poder para definir os grupos a vacinar em primeiro lugar, sendo expectável que seja dada prioridade aos profissionais de saúde e aos residentes em lares de idososO Centro de Controlo e Prevenção de Doenças emitiu recomendações, definindo quatro grupos prioritários: profissionais de saúde, trabalhadores em indústrias essenciais, pessoas com risco grave de doença devido a outras comorbilidades e pessoas com mais de 65 anos.

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