José Avillez convida oito chefs para cozinhar em nome das “vozes silenciadas”

É o Gelinaz 2020, evento gastronómico internacional que, este ano, presta homenagem a todos os restaurantes que têm as portas encerradas devido à pandemia.

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Belcanto dr
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São de uma “voz silenciada” as receitas que dez cozinheiros portugueses vão preparar no dia 3 de Dezembro ao almoço, no restaurante Belcanto, em Lisboa. O evento gastronómico global The Grand Gelinaz Shuffle! está de volta, mas em ano de pandemia acrescentou ao seu nome mais algumas palavras: Stay In Tour Silent Voices.

Trata-se da quarta edição de um evento criado por Andrea Petrini e que tem este ano como curador em Portugal o chef José Avillez (os embaixadores locais do Gelinaz são Ana Músico e Paulo Barata, da Amuse Bouche, dupla que acabou de conquistar o Grande Prémio da Academia Portuguesa de Gastronomia pelo festival Arrebita Portugal!).

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Numa altura em que tantos restaurantes por todo o mundo foram forçados a fechar as portas, a maior parte temporariamente, mas alguns já definitivamente, ou são obrigados a trabalhar com restrições que tornam a sua actividade muito dificilmente sustentável, a ideia dos organizadores do Gelinaz foi, de alguma forma, dar voz a essas “vozes silenciadas”.

Assim, cada um dos restaurantes participantes no mundo – em Portugal, o Belcanto – recebeu um menu com receitas de um outro restaurante que está de momento impedido de trabalhar. Num almoço que terá três turnos (às 12h, às 13h30 e às 15h e que tem diferentes preços, sendo os das 12h e das 15h, 100 euros por pessoa sem bebidas e o das 13h30, 125 euros), o Belcanto servirá o menu desse chef internacional, cujo nome só será revelado no final.

A cozinhar estarão chefs portugueses vindos de vários pontos do país: António Galapito do Prado (Lisboa), António Loureiro d’ A Cozinha (Guimarães), António Nobre (Degust’AR, Évora e Lisboa), Diogo Rocha do Mesa de Lemos (Viseu), Noélia (Noélia, Cabanas de Tavira), Pedro Pena Bastos (Cura, Lisboa), Rodrigo Castelo (Taberna Ó Balcão, Santarém) e Vasco Coelho Santos (Euskalduna, Porto).

Juntando estes colegas de todo o país, José Avillez pretende dar palco a diferentes estilos de cozinha e também ao trabalho da nova geração de cozinheiros, reconhecendo “o trabalho de todos na promoção da gastronomia enquanto elemento de identidade e cultura” – uma mensagem importante numa altura em que a sobrevivência de tantos restaurantes se encontra ameaçada pela situação provocada pela pandemia e as medidas do Governo para a conter.

Mas o Gelinaz não acontece apenas em Portugal. Haverá ao todo 130 chefs a participar em diferentes pontos do mundo, num evento que se divide em duas fases, a primeira no dia 3/12 e a segunda no início de 2021, para permitir a participação de todos, incluindo os que em Dezembro estão sujeitos a medidas mais restritivas de confinamento nos respectivos países.

O modelo é necessariamente diferente do das edições anteriores, nas quais os chefs viajavam dos seus países para cozinhar em restaurantes noutras partes do mundo, trocando receitas entre si, no que se pretendia que fosse uma experiência global de partilha. Em 2020 as circunstâncias são muito diferentes e o foco do Gelinaz é, explica o material de divulgação, “no trabalho de equipa, a interacção e a partilha entre chefs de um mesmo país”, procurando assim dar a voz possível aos “silenciados”.

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